História
da máquina que faz o mundo rodar
Cego,
aleijado e moleque,
Padre,
doutor e soldado,
Inspetor,
juiz de direito,
Comandante
e delegado,
Tudo,
tudo joga o dinheiro
Esperando
bom resultado.
Matuto,
senhor de engenho,
Praciano
e mandioqueiro,
Do
agreste ao sertão
Todos
jogam seu dinheiro
Se um
diz que é mentiroso
Outro
diz que é verdadeiro.
Na
opinião do povo
Não
tem quem possa mandar
Faça
ou não faça a máquina
O povo
tem que esperar
Por
que quem joga dinheiro
Só
espera mesmo é ganhar.
Assim
é que muitos pensam
Que no
abismo não cai
Que
quem não for no Juazeiro
Depois
de morto ainda vai,
Assim
também é crença
Que a
dita máquina sai.
Quando
um diz: ele não faz,
Já
outro fica zangado
Dizendo:
assim como Cristo
Morreu
e foi ressuscitado
Ele
também faz a máquina
E seu
dinheiro é lucrado.
(CRUZ,
A. F.)
No
fragmento, as escolhas lexicais remetem às origens geográficas e sociais da
literatura de cordel. Exemplifica essa remissão o uso de palavras como:
A)
comandante, delegado, dinheiro, resultado, praciano.
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