Mal
secreto
Se a
cólera que espuma, a dor que mora
N’alma,
e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o
que punge, tudo o que devora
O
coração, no rosto se estampasse;
Se se
pudesse, o espírito que chora,
Ver
através da máscara da face,
Quanta
gente, talvez, que inveja agora
Nos
causa, então piedade nos causasse!
Quanta
gente que ri, talvez, consigo
Guarda
um atroz, recôndito inimigo,
Como
invisível chaga cancerosa!
Quanta
gente que ri, talvez existe,
Cuja
ventura única consiste
Em
parecer aos outros venturosa!
(CORREIA,
R. In: PATRIOTA, M. Para compreender Raimundo Correia. Brasília: Alhambra, 1995)
Coerente
com a proposta parnasiana de cuidado formal e racionalidade na condução
temática, o soneto de Raimundo Correia reflete sobre a forma como as emoções do
indivíduo são julgadas em sociedade. Na concepção do eu lírico, esse julgamento
revela que:
A) a
necessidade de ser socialmente aceito leva o indivíduo a agir de forma
dissimulada.
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