TEXTO
I
O meu
nome é Severino,
não
tenho outro de pia.
Como
há muitos Severinos,
que é
santo de romaria,
deram
então de me chamar
Severino
de Maria;
como
há muitos Severinos
com
mães chamadas Maria,
fiquei
sendo o da Maria
do
finado Zacarias,
mas
isso ainda diz pouco:
há
muitos na freguesia,
por
causa de um coronel
que se
chamou Zacarias
e que
foi o mais antigo
senhor
desta sesmaria.
Como
então dizer quem fala
ora a
vossas senhorias?
(MELO
NETO, J. C. Obra completa. Rio de Janeiro, Aguilar, 1994)
TEXTO
II
João
Cabral, que já emprestara sua voz ao rio, transfere-a, aqui, ao retirante
Severino, que, como o Capibaribe, também segue no caminho do Recife. A
autoapresentação do personagem, na fala inicial do texto, nos mostra um Severino
que, quanto mais se define, menos se individualiza, pois seus traços
biográficos são sempre partilhados por outros homens.
(SECCHIN,
A. C. João Cabral: a poesia do menos. Rio de Janeiro, Topbooks, 1999)
Com
base no trecho de Morte e Vida Severina (Texto I) e na análise crítica (Texto
II), observa-se que a relação entre o texto poético e o contexto social a que
ele faz referência aponta para um problema social expresso literariamente pela
pergunta: "Como então dizer quem fala / ora a vossas senhorias?". A
resposta à pergunta expressa no poema é dada por meio da:
A)
descrição minuciosa dos traços biográficos do personagem-narrador.
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