O RETIRANTE
ENCONTRA DOIS HOMENS CARREGANDO UM DEFUNTO NUMA REDE, AOS GRITOS DE: “Ó IRMÃOS
DAS ALMAS! IRMÃOS DAS ALMAS! NÃO FUI EU QUE MA-TEI NÃO”
— A
quem estais carregando,
Irmãos
das almas,
Embrulhado
nessa rede?
Dizei
que eu saiba.
— A um
defunto de nada,
Irmão
das almas,
Que há
muitas horas viaja
À sua
morada.
— E
sabeis quem era ele,
Irmãos
das almas,
Sabeis
como ele se chama
Ou se
chamava?
—
Severino Lavrador,
Irmão
das almas,
Severino
Lavrador,
Mas já
não lavra.
(MELO
NETO, J. C. Morte e vida Severina E outros poemas para vozes. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1994)
O
personagem teatral pode ser construído tanto por meio de uma tradição oral
quanto escrita. A interlocução entre oralidade regional e tradição religiosa,
que serve de inspiração para autores brasileiros, parte do teatro português.
Dessa forma, a partir do texto lido, identificam-se personagens que:
A) fazem
parte de uma cultura local que restringe a dimensão estética.
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