Desde
dezoito anos que o tal patriotismo lhe absorvia e por ele fizera a tolice de
estudar inutilidades. Que lhe importavam os rios? Eram grandes? Pois que
fossem... Em que lhe contribuiria para a felicidade saber o nome dos heróis do
Brasil? Em nada... O importante é que ele tivesse sido feliz. Foi? Não.
Lembrou-se das coisas do tupi, do folk-lore, das suas tentativas agrícolas...
Restava disso tudo em sua alma uma satisfação? Nenhuma! Nenhuma!
O tupi
encontrou a incredulidade geral, o riso, a mofa, o escárnio; e levou-o à
loucura. Uma decepção. E a agricultura? Nada. As terras não eram ferazes e ela
não era fácil como diziam os livros. Outra decepção. E, quando o seu patriotismo
se fizera combatente, o que achara? Decepções. Onde estava a doçura de nossa gente?
Pois ele não a viu combater como feras? Pois não a via matar prisioneiros,
inúmeros? Outra decepção. A sua vida era uma decepção, uma série, melhor, um
encadeamento de decepções. A pátria que quisera ter era um mito; um fantasma
criado por ele no silêncio de seu gabinete.
(BARRETO,
L. Triste fim de Policarpo Quaresma)
O
romance Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, foi publicado em
1911. No fragmento destacado, a reação do personagem aos desdobramentos de suas
iniciativas patrióticas evidencia que:
A) a
dedicação de Policarpo Quaresma ao conhecimento da natureza brasileira levou-o
a estudar inutilidades, mas possibilitou-lhe uma visão mais ampla do país.
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