Ali
começa o sertão chamado bruto. Nesses campos, tão diversos pelo matiz das
cores, o capim crescido e ressecado pelo ardor do sol transforma-se em
vicejante tapete de relva, quando lavra o incêndio que algum tropeiro, por
acaso ou mero desenfado, ateia com uma faúlha do seu isqueiro. Minando à surda
na touceira, queda a vívida centelha. Corra daí a instantes qualquer aragem,
por débil que seja, e levanta-se a língua de fogo esguia e trêmula, como que a
contemplar medrosa e vacilante os espaços imensos que se alongam diante dela. O
fogo, detido em pontos, aqui, ali, a consumir com mais lentidão algum estorvo,
vai aos poucos morrendo até se extinguir de todo, deixando como sinal da
avassaladora passagem o alvacento lençol, que lhe foi seguindo os velozes
passos. Por toda a parte melancolia; de todos os lados tétricas perspectivas. É
cair, porém, daí a dias copiosa chuva, e parece que uma varinha de fada andou
por aqueles sombrios recantos a traçar às pressas jardins encantados e nunca vistos.
Entra tudo num trabalho íntimo de espantosa atividade.
(Transborda
a vida. TAUNAY, A. Inocência. São Paulo: Ática, 1993)
O
romance romântico teve fundamental importância na formação da ideia de nação.
Considerando o trecho acima, é possível reconhecer que uma das principais e
permanentes contribuições do Romantismo para construção da identidade da nação
é a:
A)
possibilidade de apresentar uma dimensão desconhecida da natureza nacional,
marcada pelo subdesenvolvimento e pela falta de perspectiva de renovação.
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