Cordel
resiste à tecnologia gráfica
O
Cariri mantém uma das mais ricas tradições da cultura popular. É a literatura
de cordel, que atravessa os séculos sem ser destruída pela avalanche de
modernidade que invade o sertão lírico e telúrico. Na contramão do progresso,
que informatizou a indústria gráfica, a Lira Nordestina, de Juazeiro do Norte,
e a Academia dos Cordelistas do Crato conservam, em suas oficinas, velhas
máquinas para impressão dos seus cordéis.
A
chapa para impressão do cordel é feita à mão, letra por letra, um trabalho
artesanal que dura cerca de uma hora para confecção de uma página. Em seguida,
a chapa é levada para a impressora, também manual, para imprimir. A manutenção
desse sistema antigo de impressão faz parte da filosofia do trabalho. A outra
etapa é a confecção da xilogravura para a capa do cordel.
As
xilogravuras são ilustrações populares obtidas por gravuras talhadas em
madeira. A origem da xilogravura nordestina até hoje é ignorada. Acredita-se
que os missionários portugueses tenham ensinado sua técnica aos índios, como
uma atividade extra catequese, partindo do princípio religioso que defende a
necessidade de ocupar as mãos para que a mente não fique livre, sujeita aos
maus pensamentos, ao pecado. A xilogravura antecedeu ao clichê, placa
fotomecanicamente gravada em relevo sobre metal, usualmente zinco, que era
utilizada nos jornais impressos em rotoplanas.
(VICELMO,
A.)
A
estratégia gráfica constituída pela união entre as técnicas da impressão manual
e da confecção da xilogravura na produção de folhetos de cordel:
A)
realça a importância da xilogravura sobre o clichê.
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