Guardar
Guardar
uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
Em
cofre não se guarda coisa alguma.
Em
cofre perde-se a coisa à vista.
Guardar
uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por
admirá-la,
isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.
Guardar
uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por
ela,
isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,
isto
é, estar por ela ou ser por ela.
Por
isso melhor se guarda o voo de um pássaro
Do que
um pássaro sem voos.
Por
isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,
por
isso se declara e declama um poema:
Para
guardá-lo:
Para
que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
Guarde
o que quer que guarda um poema:
Por
isso o lance do poema:
Por
guardar-se o que se quer guardar.
(MACHADO,
G. In: MORICONI, I. (org.). Os cem melhores poemas brasileiros do século, Rio
de Janeiro: Objetiva, 2001)
A
memória é um importante recurso do patrimônio cultural de uma nação. Ela está
presente nas lembranças do passado e no acervo cultural de um povo. Ao tratar o
fazer poético como uma das maneiras de se guardar o que se quer, o texto:
A)
ressalta a importância dos estudos históricos para a construção da memória
social de um povo.
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