Quando
vou a São Paulo, ando na rua ou vou ao mercado, apuro o ouvido; não espero só o
sotaque geral dos nordestinos, onipresentes, mas para conferir a pronúncia de
cada um; os paulistas pensam que todo nordestino fala igual; contudo as
variações são mais numerosas que as notas de uma escala musical. Pernambuco,
Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí têm no falar de seus nativos muito
mais variantes do que se imagina. E a gente se goza uns dos outros, imita o
vizinho, e todo mundo ri, porque parece impossível que um praiano de beira-mar
não chegue sequer perto de um sertanejo de Quixeramobim. O pessoal do Cariri,
então, até se orgulha do falar deles. Têm uns tês doces, quase um the; já nós,
ásperos sertanejos, fazemos um duro au ou eu de todos os terminais em al ou el
– carnavau, Raqueu... Já os paraibanos trocam o l pelo r. José Américo só me
chamava, afetuosamente, de Raquer.
(Queiroz,
R. O Estado de São Paulo. 09 maio 1998 - fragmento adaptado)
Raquel
de Queiroz comenta, em seu texto, um tipo de variação linguística que se
percebe no falar de pessoas de diferentes regiões. As características regionais
exploradas no texto manifestam-se:
A) na
estruturação morfológica.
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