Reservas de gás na Europa são as mais baixas da década
Dados de outubro reduzem capacidade
para 75%
Publicado em 18/10/2021 - 11:33 Por
RTP - Lisboa
RTP - Rádio e Televisão de Portugal
A média das reservas de gás na Europa
era de 90% antes da pandemia de covid-19. Os dados oficiais de outubro reduzem
essa capacidade para 75%. A Rússia, principal fornecedora de gás dos países
europeus, está também a disponibilizando a produção para a Ásia.
A Europa poderá enfrentar escassez
energética quando o consumo aumentar durante o inverno. O preço do gás já
registra uma subida, em média, de 350% na fatura da energia dos europeus.
O abandono do uso do carvão diante
das exigências ambientais fez com que os países recorram ao gás para suprir as
necessidades energéticas. Todos querem gás agora, desde os consumidores
domésticos às atividades industriais.
As empresas de distribuição de
energia multiplicam esforços procurando recursos de gás para enfrentar as
necessidades.
A Europa importa cerca de 90% do gás
da Rússia. O segundo gasoduto que ligará esse centro distribuidor à Alemanha,
contornando a Ucrânia, ainda não está concluído.
Entre a diversidade na geração de
eletricidade com carvão, capacidade hídrica e nuclear e uma proporção
significativa de energia proveniente de fontes renováveis, como eólica e solar,
o gás desempenha papel fundamental em alguns dos maiores mercados de energia do
continente.
A empresa russa Gazoprom, que tem
mantido esse fornecimento, trabalha no máximo há dez anos e não tem,
aparentemente, margem para aumentar a produção.
Na equação, entra outro grande
consumidor de gás, a Ásia.
O inverno está chegando ao hemisfério
norte, por isso, se "um inverno frio na Europa combinar com outro na Ásia,
as reservas europeias serão esvaziadas. Então, não haverá gás disponível para
atender às necessidades, a não ser que a Rússia adicione mais capacidade na
produção" afirma o analista de energia John Kemp, citado na publicação
espanhola La Vanguardia.
Kemp adverte ainda que "as
reservas podem se esgotar na primavera, portanto os cortes de oferta serão
inevitáveis".
Carlos Solé, responsável pela secção da Economia e Regulação da empresa de consultoria KPMG na Espanha, explica que "o gás continuará a ter peso importante na matriz energética na próxima década, desde que a descarbonização seja implementada. Os dados indicam que metade da necessidade nos próximos anos virá da Ásia, o que implica que, se a Europa quiser garantir o abastecimento, terá que competir no mercado internacional".
Os especialistas acreditam que as
reservas de gás na Europa podem depender de um clima menos rigoroso durante o
inverno.
À mesa, está a compra conjunta de gás
natural liquefeito (GNL) pelos países europeus, mas os governos ainda não
encontraram solução para o armazenamento e quem distribui para quem.
Mais uma vez, a Ásia apresenta-se
como a maior região importadora de GNL, onde países como Japão, China e Índia
estão a comprar o combustível antes do inverno, fazendo aumentar a pressão no
mercado e a estrangular o acesso da Europa ao recurso energético.
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