São Paulo tem mais de 66 mil pessoas que vivem em situação
de rua
Informação é do Movimento Estadual da População em Situação
de Rua
Publicado em 15/10/2021 - 17:45 Por Daniel Mello - Repórter
da Agência Brasil - São Paulo
O Movimento Estadual da População em Situação de Rua de São
Paulo estima que, atualmente, 66 mil pessoas vivem sem teto na capital
paulista. Segundo o presidente do movimento, Robson Mendonça, houve um grande
crescimento do número de pessoas que dormem nas calçadas durante o período da
pandemia de covid-19.
“Mudou o perfil dessa população, que passou a ser mães com crianças. A cidade passou a ser um acampamento a céu aberto. Para onde você olha tem barraca”, disse.
A estimativa do movimento é feita, de acordo com Mendonça,
a partir dos atendimentos oferecidos na sede da entidade, no centro de São
Paulo. Além de alimentação, é oferecido apoio para tirar documentos, procurar
emprego e buscar atendimento em saúde.
Lançado em janeiro de 2020 a partir de dados coletados em
2019, o último Censo da População em Situação de Rua identificou 24,3 mil
pessoas sem teto na cidade de São Paulo. A maioria era negra (69,3%) e 85% eram
homens.
Falência e desemprego
Mendonça diz que a crise econômica e algumas medidas para
conter a disseminação do novo
coronavírus desestabilizaram microempreendedores e trabalhadores do comércio
informal. “Muitos micro e pequenos empresários, nessa pandemia, vieram a ficar
em situação de calçada”, explicou.
Além do crescimento da população que não tem teto, Mendonça
diz que o censo feito pela prefeitura subestimou a quantidade de pessoas sem
ter onde morar. De acordo com ele, integrantes do movimento da população em
situação de rua participaram do trabalho do censo e perceberam problemas na
metodologia.
Segundo Mendonça, não foram contadas pessoas que estavam
internadas para tratamento de uso abusivo de álcool e drogas e parte das
pessoas acampadas ou com barracos em via pública, entre outros pontos. “Todos
esses dados fizeram com que a contagem não fosse a real”, afirma.
Antecipação do censo
Devido aos impactos crise sanitária, a prefeitura de São
Paulo antecipou a realização do novo censo da população em situação de rua. Em
agosto, foi aberto um pregão eletrônico e, em setembro, foi assinado o contrato
com a empresa Qualitest com prazo de nove meses.
Na ocasião do anúncio da antecipação do estudo, a então
secretária municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, Berenice
Giannella, confirmou que havia uma percepção de aumento e mudança de perfil das
pessoas dormindo nas calçadas da cidade. "Não só aumentou, mas
diversificou. Hoje, você tem mais famílias na rua por conta do desemprego e da
perda de moradia", disse.
A Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento
Social informou, por nota, que, no último censo, foram considerados sim como
população em situação de rua as pessoas vivendo em barracos, ainda que de
madeira. "Esses barracos são chamados de mocós na literatura sobre
população em situação de rua e se encaixam dentro da definição do conceito
operacional adotado na pesquisa", destaca o texto.
Ainda de acordo com a pasta, a definição das pessoas em
situação de rua usada na pesquisa considera uma série de fatores como pobreza
extrema, vínculos familiares fragilizados ou interrompidos e a inexistência de
moradia regular.
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