Vulcão deixa Ilha de La Palma, na Espanha, irreconhecível
Erupção começou há cerca de um mês
Publicado em 19/10/2021 - 07:38 Por RTP - La Palma
(Espanha)
RTP - Rádio e Televisão de Portugal
Um mês depois da erupção do vulcão Cumbre Vieja, a ilha de
La Palma, na Espanha, está irreconhecível em algumas áreas, como a Ilha das
Canárias. O vulcão continua a expelir lava e cinza.
Com a atividade vulcânica, a visibilidade no território
torna-se difícil e a quantidade de matéria que continua a sair do vulcão
impressiona.
É nessa região que o madeirense Luís Ramos trabalhava numa
plantação de bananas, uma das principais fontes de riqueza da ilha.
O português perdeu o emprego e a casa e agora vive na casa
do patrão da mulher, com o sogro, a mulher e os filhos.
Luís Ramos já nem sabe identificar bem o local onde morava.
Trinta dias depois do início da erupção, continua sem nada,
recorreu às seguradoras e ainda não obteve resposta. Agora, só pede um sítio
para ficar nem que seja provisório.
Vulcão
O Cumbre Vieja continua com atividade intensa, apesar de,
nas últimas horas, ter entrado numa fase de "estabilidade e
lentidão".
O dia de hoje transcorre sem incidentes. As autoridades
alertaram, em comunicado, que dada a previsão da chegada ao mar de uma frente
ativa de lava, e da provável emissão de mais gases nocivos para a saúde, poderá
ser determinado um confinamento da população em áreas próximas.
Esse rio de lava acabou por, nas últimas horas, desacelerar
a velocidade para apenas dois metros por hora, adiando por mais alguns dias o
contato com as águas do Oceano Atlântico.
Há sinais de alguma normalização no dia a dia dos moradores. As autoridades responsáveis pela educação nas Ilhas Canárias permitiram que as aulas nas escolas fossem retomadas nos municípios mais afetados pelo vulcão (Tazacorte, Los Llanos de Aridane e El Paso), com um número de alunos superior a 90%.
A Ilha de La Palma trnasformou-se, neste mês, em um dos
locais mais observados do mundo, com os cientistas aprofundando os
conhecimentos sobre a evolução do planeta.
Foi um mês sem descanso para a população da ilha,
confrontada com uma catástrofe social e econômica, sendo no entanto um alívio o
fato de não ter havido até agora qualquer morte em consequência da atividade do
vulcão. A solidariedade, assim como a erupção, tem sido constante
Um mês após o início da erupção, ocorreu neste fim de
semana o terremoto de maior magnitude (4,6), a 37 quilômetros de profundidade.
Segundo o Plano de Emergência Vulcânica da Ilhas Canárias (Pevolca), é possível
que se repita.
A área de terrenos destruída pelo vulcão de La Palma é de
811,8 hectares, segundo os últimos números divulgados pelo sistema de satélites
Copernicus da União Europeia.
Por outro lado, estima-se em 1.956 o números de edifícios
destruídos. O número de quilômetros de estradas afetadas é de 64,3, dos quais
60,5 estão totalmente destruídas.
O presidente da comunidade autônoma espanhola das Ilhas
Canárias, Ángel Víctor Torres, disse que não acredita que "o fim da
erupção em La Palma está iminente.
Segundo os cientistas, a possibilidade de a erupção
enfraquecer "não está perto", uma vez que ainda existem deformações
na área do cone do vulcão. A possibilidade de haver novas saídas de lava não
está totalmente excluída.
"Estamos à mercê do vulcão, é o único que pode decidir
quando ele termina", disse o presidente das Canárias, assegurando que
"o maior desejo" do arquipélago, neste momento, é que a força do
vulcão comece a enfraquecer.
A atividade sísmica associada à erupção vulcânica em La
Palma continua ativa, com dezenas de tremores de terra sendo registrados
diariamente, alguns deles sentido pela população da ilha.
Mesmo assim, o comitê científico, que aconselha as
autoridades, atribui a atividade sísmica à realimentação do vulcão em camadas
profundas de terra e exclui, de momento, a possibilidade do aparecimento de
novas bocas eruptivas nas áreas onde os tremores ocorrem em grandes
profundidades.
Histórico
Uma semana antes da primeira erupção, uma atividade sísmica
intensa começou a ser registada na ilha, o que já tinha acontecido nove vezes
desde 2017.
Em 14 de setembro, o Instituto Nacional Geográfico espanhol
(IGN) registrou 3 mil eventos sísmicos, 700 dos quais em profundidades entre 9
e 12 quilômetros.
Em 19 de setembro começou a ficar claro para as autoridades
que a atividade sísmica correspondia a uma fase pré-eruptiva e foi iniciada a
retirada preventiva de moradores com mobilidade reduzida nos núcleos em
risco.Nesse mesmo dia, começou a erupção vulcânica em Cumbre Vieja, na ilha de
La Palma, na área despovoada de Cabeza de Vaca, município de El Paso.
Esta é a oitava erupção em La Palma desde que foram
mantidos registros históricos e a décima sétima nas Ilhas Canárias.
Durante o mês em que está ativo, o vulcão tem-se reativado
várias vezes com diferentes graus de atividades explosiva e emissão de gases
tóxicos e cinzas, com mais retiradas de moradores.
As companhias de transportes aéreos suspendem por vezes
suas operações em La Palma por causa das cinzas.
Segundo cálculos feitos pelo Instituto Vulcanológico das
Ilhas Canárias (Involcan), a erupção vulcânica de Cumbre Vieja pode durar entre
24 e 84 dias, com média geométrica de cerca de 55 dias.
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