Chile vai para
segundo turno polarizado na eleição presidencial
Pleito será
definido em 19 de dezembro, entre Kast e Boric
Publicado em
22/11/2021 - 10:22 Por Gram Slattery e Natalia A. Ramos Miranda - Repórteres da
Reuters - Santiago
Reuters
O Chile vai
para um segundo turno polarizado da eleição presidencial no mês que vem, já que
o ex-congressista de extrema-direita José Antonio Kast liderou o primeiro turno
no domingo (21), ficando à frente do parlamentar de esquerda e ex-líder de
protestos Gabriel Boric.
Com 97,52% das
urnas apuradas, Kast tinha 27,93% dos votos e Boric 25,76%, e havia uma
distância considerável entre eles e o resto dos candidatos, mas ambos ficaram
bem longe da maioria necessária para vencer no primeiro turno.
Os candidatos
mais moderados e de centro-direita se saíram bem, um possível estímulo para
Kast, que parece estar na liderança para a votação decisiva, em 19 de dezembro.
“Foi uma noite
melhor para a direita do que qualquer um esperava”, disse Gonzalo Cordero, um
consultor e colunista político.
“Hoje, a
probabilidade de Kast vencer a eleição presidencial é muito alta. Kast teria
que cometer erros muito significativos nas próximas três semanas para perder.”,
avaliou Cordero.
A eleição, a
mais polarizada do país andino produtor de cobre desde sua volta à democracia
em 1990, divide o eleitorado entre aqueles que desejam uma reformulação do
modelo de livre mercado do Chile e aqueles que exigem mais rigor contra o crime
e a imigração.
O pleito
ocorre dois anos após protestos de chilenos, alguns violentos, exigindo
melhorias da qualidade de vida. As manifestações ajudaram a dar ensejo à atual
reescrita da Constituição da era Pinochet e impulsionaram a candidatura de
Boric, que manteve uma dianteira confortável durante a maior parte da disputa.
Mas a
exasperação crescente entre chilenos exaustos da violência política, combinada
a uma percepção cada vez maior de que o crime está aumentando, ajuda Kast.
"Hoje, o
povo do Chile falou", disse Kast em um discurso longo a apoiadores depois
da divulgação do resultados, visando o crime e a desordem como fez durante a
maior parte da campanha, o que o ajudou a capitalizar os temores da violência
dos protestos e da imigração.
Ele disse que
a eleição é uma escolha entre "liberdade e comunismo", uma alfinetada
na ampla aliança de esquerda de Boric, que inclui o Partido Comunista.
Na luta para
encurtar a distância de Kast ao longo do próximo mês, Boric falou do crime e do
tráfico de drogas em seu discurso, algo que raramente fez antes da votação, e
admitiu a necessidade de ampliar sua base de apoio.
"A
cruzada é que a esperança vença o medo", disse. "Temos que olhar para
mais além do nosso campo e ir até lá e trazer pessoas de fora de nossas
fronteiras."
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