China: EUA
erram ao convidar Taiwan para cúpula sobre democracia
Encontro virtual
está marcado para os dias 9 e 10 de dezembro
Publicado em
24/11/2021 - 09:24 Por RTP - Pequim
RTP - Rádio e
Televisão de Portugal
O governo
chinês acusou, nesta quarta-feira (24), o presidente norte-americano, Joe
Biden, de cometer "um erro" ao convidar Taiwan para participar de uma
cúpula sobre democracia, na qual estarão presentes representantes de 109 nações
democráticas.
“Opomo-nos
firmemente a qualquer interação oficial entre os Estados Unidos (EUA) e essa
ilha. Essa é uma posição clara e consistente”, declarou Zhu Fenglian, porta-voz
do Gabinete Chinês para Assuntos de Taiwan, passando a considerar “um erro” a
inclusão dessa região no encontro.
Pequim apelou
a Washington que “se mantenha leal ao princípio de ‘uma só China’”, política
que reconhece que Pequim reclama Taiwan como sua província, e que “respeite os
Três Comunicados”, conjunto de declarações assinadas pelos EUA e pela China
para estabelecer as relações entre as duas nações. Apesar de Taiwan ser uma
democracia com um governo independente, a China continua a reclamar o
território como seu e acusa o Executivo taiwanês de separatismo.
A cúpula será
um teste ao juramento de Joe Biden de que faria os Estados Unidos regressarem a
uma posição assertiva de liderança global, capaz de desafiar as forças
autoritárias da China e da Rússia – nações que não estão incluídas neste
encontro virtual, marcado para os dias 9 e 10 de dezembro.
O jornal
oficial do Partido Comunista Chinês, Global Times, escreveu hoje que “o ato de
colocar a ilha entre nações soberanas revela que os EUA estão transformando
esta suposta cúpula em um conluio ideológico, como parte de uma campanha para
conter a China”.
“Ao excluir
países como a China e a Rússia, mais pessoas irão entender como os políticos
americanos usam os seus alegados valores para instigar o confronto”, acrescenta
a publicação.
Desde que
chegou à Casa Branca, o sucessor de Donald Trump tem reiterado o apoio de longa
data dos EUA à política de “uma só China”, mas tem frisado também que
Washington “se opõe fortemente aos esforços unilaterais para mudar o status quo
ou atacar a paz e estabilidade no Estreito de Taiwan”.
Medidas
drásticas
Um porta-voz
do presidente taiwanês agradeceu a Biden o convite para participar do encontro
e garantiu que a região será “uma força positiva na sociedade internacional”.
“Taiwan irá
cooperar firmemente com países que pensem da mesma forma para proteger valores
universais como os da liberdade, democracia e direitos humanos”, assegurou o
porta-voz, Xavier Chang. “Iremos também salvaguardar a paz regional, a
estabilidade e o desenvolvimento”.
A decisão dos
Estados Unidos de convidar Taiwan para a cúpula sobre democracia não só não foi
bem recebida pela China, como poderá motivar ataques de Pequim.
Em reunião
virtual com Joe Biden na passada semana, o presidente Xi Jinping informou que a
China “não teria outra alternativa que não tomar medidas drásticas” se
determinadas “linhas vermelhas” fossem ultrapassadas.
Em agosto
deste ano, o jornal do Partido Comunista Chinês tinha alertado contra o convite
do presidente taiwanês, Tsai Ing-wen, para a cúpula da democracia, pedindo a
Washington que se referisse a Taiwan como “Taipé Chinesa”.
Não cumprir
com esses pontos significaria uma “grave escalada” de tensão entre as duas
nações e não seria tolerado por Pequim, avisou a publicação.
O encontro
sobre democracia vai reunir, ao longo de dois dias, países democráticos como
França ou Suécia, mas também nações onde ativistas consideram que a democracia
está sob ameaça, como a Índia ou a Polônia.
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