Diretora da OMS diz que mundo está entrando em quarta onda
de covid-19
Vírus continua evoluindo com variantes mais transmissíveis,
afirma
Publicado em 22/11/2021 - 18:32 Por Jonas Valente – Repórter
Agência Brasil - Brasília
O mundo está entrando em uma quarta onda da pandemia do
novo coronavírus. A avaliação é da diretora-geral adjunta de acesso a
medicamentos e produtos farmacêuticos da Organização Mundial da Saúde (OMS), a
brasileira Mariângela Simão. Ela abordou a situação da pandemia em conferência
na abertura no Congresso Brasileiro de Epidemiologia.
“Estamos vendo a ressurgência de casos de covid-19 na
Europa. Tivemos nas últimas 24 horas mais de 440 mil novos casos confirmados. E
isso que há subnotificação em vários continentes. O mundo está entrando em uma
quarta onda, mas as regiões têm tido um comportamento diferente em relação à
pandemia”, declarou Mariângela Simão.
Segundo ela, o vírus continua evoluindo com variantes mais
transmissíveis. Mas em razão da vacinação houve uma dissociação entre casos e
mortes, pelo fato da vacinação ter reduzido os óbitos decorrentes da covid-19.
Ela lembrou que a imunização reduz as hospitalizações mas não interrompe a
transmissão.
A diretora avaliou que os novos picos na Europa se devem à
abertura e flexibilização das medidas de distanciamento no verão, além do uso
inconsistente de medidas de prevenção em países e regiões.
“O aumento da cobertura vacinal não influencia na higiene
pessoal, mas tem associação com diminuição do uso de máscaras e distanciamento
social. Além disso, há desinformação, mensagens contraditórias que são
responsáveis por matar pessoas”, pontuou a diretora-geral adjunta da OMS.
Um problema grave, acrescentou, é a desigualdade no acesso
às vacinas no mundo. “Foram aplicadas mais de 7,5 bilhões de doses. Em países
de baixa renda, há menos de 5% das pessoas com pelo menos uma dose. Um dos
fatores foi o fato de os produtores terem feito acordos bilaterais com países
de alta renda e não estarem privilegiando vacinas para países de baixa renda”,
analisou.
Outro obstáculo é a concentração em poucos países que
dominam tecnologias utilizadas para a produção de vacinas, como o emprego do RNA
mensageiro, como no caso do imunizante da Pfizer-BioNTech.
Mariângela Simão considera que o futuro da pandemia depende
de uma série de fatores. O primeiro é a imunidade populacional, resultante da
vacinação e da imunização natural. O segundo é o acesso a medicamentos. O
terceiro é como irão se comportar as variantes de preocupação e do quão
transmissíveis elas serão.
O quarto é a adoção de medidas sociais de saúde pública e a
aderência da população a essas políticas. “Onde medidas de saúde pública são usadas
de forma inconsistente os surtos continuarão a ocorrer em populações
suscetíveis”, projetou.
A diretora da OMS defendeu que além das medidas de
prevenção é preciso assegurar a equidade no acesso a vacinas, terapias e
testagens. “É vacinas, mas não somente vacinas”, resumiu.
Américas e Brasil
Ao avaliar a situação das Américas e do Brasil, Mariângela
Simão afirmou que as Américas vêm tendo um comportamento de transmissão
comunitária continuada, com ondas repetidas.
Quanto ao Brasil, ela avaliou que o programa de vacinação
está andando bem. Mas, a partir da situação na Europa, se mostrou receosa com o
futuro da pandemia no Brasil pelas discussões em curso sobre o carnaval.
“Me preocupa quando vejo no Brasil a discussão sobre o
Carnaval. É uma condição extremamente propícia para aumento da transmissão
comunitária. Precisamos planejar as ações para 2022”, alertou.
Congresso
O Congresso Brasileiro de Epidemiologia teve início nesta
segunda-feira (22) e irá até a sexta-feira (26). O evento é uma promoção da
Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e contará com diversas
palestras, debates e apresentações de trabalhos científicos. Mais informações
em https://zandaeventos.com.br/epi/index.php.
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