EUA regressam à coligação da ONU que quer cumprir meta de
1,5 grau
Meta foi incluída no Acordo de Paris pela High Ambition
Coalitio
Publicado em 02/11/2021 - 12:29 Por Joana Raposo Santos -
Repórter da RTP - Glasgow
A Cúpula do Clima deste ano começou há poucos dias, mas já
trouxe novidades. A mais recente é a volta dos Estados Unidos à High Ambition
Coalition, grupo informal da ONU que fez da meta de 1,5 grau elemento chave do
Acordo de Paris. Agora, essa coligação quer garantir que a COP26 não seja em
vão e que os participantes tomem medidas reais e concretas para conter as
alterações climáticas.
“A High Ambition Coalition foi instrumental ao assegurar
que a elevada ambição dos 1,5 grau integraria o Acordo de Paris, e será agora
instrumental em Glasgow [onde decorre a Cimeira do Clima], ao assegurar que
será cumprida”, declarou um membro do governo norte-americano.
Aquela que pode ser traduzida por “Coligação da Elevada
Ambição” é constituída por mais de 60 países desenvolvidos e em
desenvolvimento, comprometidos a introduzir metas ambiciosas para combater as
alterações climáticas.
O regresso dos Estados Unidos a esta coligação pode tornar
mais viável o objetivo de limitar o aumento das temperaturas a 1,5 grau
centígrados.
Esta terça-feira (2), durante os trabalhos da COP26 em
Glasgow (Escócia), a High Ambition Coalition irá apelar aos governos para que
aumentem os seus esforços de redução das emissões de gases poluentes e da
utilização de carvão, de modo a que o objetivo de 1,5 grau possa ser atingido.
A coligação irá também pedir aos países mais ricos que
dupliquem o financiamento climático atualmente dado aos países pobres, para que
estes consigam adaptar-se aos efeitos das alterações do clima.
O terceiro grande objetivo deste grupo informal é o fim do
financiamento à área dos combustíveis fósseis.
John Kerry, enviado-especial dos EUA para o clima, tinha
dito no início deste ano que o objetivo do Acordo de Paris de limitar o aumento
das temperaturas a 1,5 graus teve por base “o trabalho árduo da High Ambition
Coalition e dos pequenos Estados insulares em desenvolvimento”. Em conjunto,
“sentiram que esse objetivo era imperativo – e graças a Deus que o sentiram”,
uma vez que a ciência veio comprová-lo, declarou.
O presidente norte-americano, Joe Biden, junta-se assim aos
países da União Europeia num acordo internacional para controlar as emissões de
gases poluentes, especialmente o metano.
O último estudo da ONU sobre essa matéria revelou que as
emissões de gases de efeitos de estufa tinham atingido novos recordes. O metano
- gás 80 vezes mais poluente do que o dióxido de carbono - tinha aumentado 262%
acima dos níveis pré-industriais.
Receios pelo futuro
“A High Ambition Coalition estabeleceu o padrão para o que
precisa acontecer nesta cimeira”, disse nesta terça-feira Tina Stege, enviada
especial da ONU para o clima nas Ilhas Marshall, passando a enumerar as três
metas do grupo para a COP26.
“Começar a limitar o aumento de temperaturas a 1,5 grau
através de ações reais e concretas, como a eliminação gradual do carvão; levar
a cabo uma mudança radical na adaptação [dos países mais pobres], com pelo
menos o dobro do financiamento atual; e assegurarmo-nos de que temos todos os
recursos necessários para enfrentar esta crise, incluindo as perdas e danos que
já experienciamos hoje”.
Uma das nações-membros da coligação revelou ao Guardian
(diário britânico) que o receio de que a meta de 1,5 grau esteja em risco
serviu de motivação para o reaparecimento do grupo informal. “Estamos
extremamente preocupados com os 1.5. É por isso que estamos a apelar a formas
de manter essa meta alcançável”, declarou.
A High Ambition Coalition foi formada em 2014 pelo
negociador-chefe para as Ilhas Marshall, com o objetivo de assegurar o Acordo
de Paris, assinado um ano depois.
O objetivo que quer agora fazer cumprir, de limitar a 1,5
grau o aumento das temperaturas, requer cortes de pelo menos 45 por cento nas
emissões de gases poluentes até 2030, em comparação com os níveis de 2010.
De acordo com os cientistas, se essa meta não for atingida,
alguns dos impactos das alterações climáticas, como o degelo, tornar-se-ão
irreversíveis. Muitas pequenas ilhas correm mesmo o risco de inundação devido
ao aumento do nível do mar.
A COP26 teve início no domingo (31) e os trabalhos
terminarão a 12 de novembro. Participam líderes e representantes de cerca de
200 nações.
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