IBGE: desemprego cai 1,6 ponto percentual e
atinge 12,6%
Queda na taxa de desocupação do país se
estendeu a todas as regiões
Publicado em 30/11/2021 - 11:16 Por Cristina Índio do
Brasil - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro
A taxa de desemprego atingiu 12,6% no terceiro trimestre
deste ano, o que significa queda de 1,6 ponto percentual na comparação com o
segundo trimestre de 2021. O número de pessoas em busca de emprego no país
recuou 9,3% e, com isso, chegou a 13,5 milhões. Os ocupados tiveram um
crescimento de 4%, alcançando 93 milhões de pessoas. Os dados da Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), foram divulgados
hoje (30) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE,
Adriana Beringuy, o crescimento da ocupação no período foi relevante. “No
terceiro trimestre, houve um processo significativo de crescimento da ocupação,
permitindo, inclusive, a redução da população desocupada, que busca trabalho,
como também da própria população que estava fora da força de trabalho”,
observou.
A população fora da força de trabalho é o contingente
daqueles que não estão ocupados e nem buscando emprego. Com o crescimento no
número de ocupados, o nível da ocupação, que é o percentual de pessoas em idade
de trabalhar que estão no mercado de trabalho, subiu para 54,1%, enquanto no
trimestre anterior tinha sido de 52,1%.
Doméstico
De acordo com a coordenadora, dentro desse crescimento, a
informalidade representa 54%. Os empregados do setor privado sem carteira
assinada (10,2%), que somaram 11,7 milhões de pessoas, estão entre as
categorias de emprego que mais cresceram na comparação com o trimestre
anterior. No mesmo período, o número de trabalhadores domésticos atingiu 5,4
milhões - o que equivale a uma expansão de 9,2%, o maior desde o início da
série histórica da pesquisa, em 2012.
No primeiro trimestre do ano passado, seis milhões de
pessoas eram trabalhadores domésticos. Se considerados apenas os trabalhadores
sem carteira, houve aumento de 10,8%, sendo 396 mil pessoas a mais.
Segundo Adriana Beringuy esse é um processo de recuperação
que já vinha ocorrendo desde junho. “A categoria dos empregados domésticos foi
a mais afetada na ocupação no ano passado e, nos últimos meses, há uma expansão
importante. Embora haja essa recuperação nos últimos trimestres da pesquisa, o
contingente atual desses trabalhadores é inferior ao período pré-pandemia”,
afirmou.
Conta própria
O contingente de trabalhadores por conta própria (3,3%)
também cresceu. As 25,5 milhões de pessoas nessa categoria representam o maior
número desde o início da série histórica da pesquisa. Aí estão incluídos os
trabalhadores que não têm CNPJ, que cresceram 1,9% ante o último trimestre. Com
isso, a taxa de informalidade chegou a 40,6% da população. São 38 milhões de
trabalhadores nessa situação.
Conforme a pesquisa, o crescimento na ocupação também está
relacionado principalmente às atividades de comércio (7,5%), que equivale a
mais 1,2 milhão de trabalhadores; indústria (6,3%), 721 mil pessoas a mais;
construção (7,3%) com 486 mil pessoas a mais; e serviços domésticos (8,9%), com
adição de 444 mil pessoas.
Rendimento
O avanço no número de pessoas ocupadas não veio com
melhorias no rendimento real habitual de todos os trabalhos. Ficou em R$2.459,
uma queda de 4% relativo ao último trimestre e de 11,1% em relação ao terceiro
trimestre do ano passado.
Com o valor de R$223,5 bilhões, a massa de rendimento ficou
estável nas duas comparações. Para a coordenadora, esses números indicam que o
aumento da ocupação foi puxado por postos de trabalho com salários menores. “Há
um crescimento em ocupações com menores rendimentos e também há perda do poder
de compra devido ao avanço da inflação”, completou.
Regiões
A queda na taxa de desocupação do país se estendeu a todas
as regiões. No Sudeste, que é a região com o maior número de pessoas
desempregadas (6,3 milhões), a taxa passou de 14,6% no segundo trimestre para
13,1%. No Nordeste, saiu de 18,3% para 16,4%. Ainda assim, a região permanece
tendo a maior taxa de desocupação do país.
“Essa queda na desocupação no nível nacional também está
sendo observada regionalmente em vários estados. Isso indica que há um processo
de recuperação de trabalho que ocorre de maneira disseminada no país”, disse.
Mesmo com a a maior taxa de desocupação do país (18,7%), a
Bahia apresentou estabilidade nesse indicador e no número de pessoas que estão
buscando por uma vaga no mercado de trabalho (1,3 milhão). O número de ocupados
do estado cresceu 6,5%. O motivo foi o aumento de trabalhadores domésticos
(18,3%) e por contra própria (12,3%). Conforme a pesquisa, depois da Bahia, as
maiores taxas de desocupação foram registradas por Amapá (17,5%) e Rio Grande
do Norte (14,5%).
Entre os 93 milhões de pessoas ocupadas no Brasil, após a
alta de 4,0% no terceiro trimestre, 66,4% de empregados, 4,1% de empregadores,
2,1% de trabalhadores familiares auxiliares e 27,4% de pessoas que trabalhavam
por conta própria. Este último grupo foi maior no Norte (34,5%) e no Nordeste
(31,1%). Conforme a pesquisa, dos 17 estados que tiveram taxas de informalidade
maiores que a nacional, 16 são do Norte e do Nordeste. O Pará (62,2%) registrou
a maior.
A coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE disse que
essas regiões, de maneira geral, têm um percentual grande desse tipo de
trabalho. “A informalidade é maior nessas duas regiões. E esse perfil de
trabalhador está contribuindo para a recuperação do trabalho local. Parte
importante do trabalho nessas duas regiões é atribuída aos trabalhadores
informais, que tem nos trabalhadores por conta própria um contingente
importante”, concluiu.
Pretos e pardos
Enquanto a taxa de desocupação das pessoas brancas (10,3%)
ficou abaixo da média nacional, a dos pretos (15,8%) e dos pardos (14,2%) teve
movimento contrário. Todos tiveram queda frente ao último trimestre. Os pardos
representavam 46,8% da população fora da força de trabalho, seguidos pelos
brancos (43,1%) e pelos pretos (8,9%). Já se comparada ao segundo trimestre, a
participação dos pardos diminuiu e a dos brancos e pretos aumentou.
Na comparação com o terceiro trimestre do ano passado, o
nível de ocupação aumentou para todas as pessoas. Os brancos saíram de 51,4%
para 55,8%, os pardos, de 46,7 a 52,1% e os pretos, de 49,0% a 55,6%.
Reponderação
A divulgação de hoje da Pnad Contínua é com base na nova
série elaborada pelo IBGE, a partir da reponderação das projeções por causa da
mudança na forma de coleta da pesquisa durante a pandemia da covid-19. Com as
medidas de isolamento social em março de 2020, a coleta começou a ser feita de
maneira remota, excepcionalmente por telefone.
“A nova reponderação busca mitigar possíveis vieses de
disponibilidade em grupos populacionais, intensificados pela queda da taxa de
aproveitamento das entrevistas”, observou Adriana.
Pesquisa
De acordo com o IBGE, a Pnad Contínua é o principal
instrumento para monitoramento da força de trabalho no país. “A amostra da
pesquisa por trimestre no Brasil corresponde a 211 mil domicílios pesquisados.
Cerca de dois mil entrevistadores trabalham na pesquisa, em 26 estados e
Distrito Federal, integrados à rede de coleta de mais de 500 agências do IBGE”,
informou o Instituto.
A coleta de informações da pesquisa por telefone é feita
desde 17 de março de 2020. A identidade do entrevistador pode ser confirmada no
site Respondendo ao IBGE ou via Central de atendimento (0800 721 8181),
conferindo a matrícula, RG ou CPF do entrevistador, dados que podem ser
solicitados pelo informante.
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