Juros
cobrados de empresas e famílias sobem em outubro, diz BC
Taxa chegou
a 32,8% ao ano, a maior desde março de 2020
Publicado em
26/11/2021 - 11:34 Por Agência Brasil - Brasília
As taxas de
juros dos empréstimos nos bancos subiram em outubro, segundo a pesquisa
Estatísticas Monetárias e de Crédito do Banco Central (BC), divulgada hoje
(26), em Brasília.
Nas operações
com taxas livremente definidas pelos bancos, a taxa média cobrada de empresas e
famílias ficou em 32,8% ao ano, aumento de 2,2 pontos percentuais em relação a
setembro, quando estava em 30,6% ao ano. Essa é a maior taxa desde março de
2020 (33,3% ao ano).
As famílias
pagaram taxa média de 43,8% ao ano, com alta de 2,1 pontos percentuais em
relação a setembro, e as empresas, 19,1% ao ano, aumento de 2 pontos
percentuais. Em 12 meses, as altas foram de 4,8 pontos percentuais para as
pessoas físicas e de 7,1 pontos para as empresas.
No caso das
famílias, o BC destacou os aumentos das taxas do crédito pessoal não consignado
(6,2 ponto percentual, chegando a 83,6% ao ano, em outubro), crédito pessoal
consignado para servidores públicos (0,9 ponto percentual, com taxa de 17,9 %
ao ano) e cartão de crédito rotativo (4,1 pontos percentuais; taxa de 343,6% ao
ano). O cheque especial ficou com taxa de 128,8% ao ano, recuo de 0,8 ponto
percentual em relação a setembro.
No crédito às
empresas, o destaque ficou para os crescimentos nos custos de contratação de
desconto de duplicatas e outros recebíveis (1,5 ponto percentual, com taxa em
14,2% ao ano), capital de giro com prazo menor que 365 dias (6 pontos
percentuais; taxa de 22,1% ao ano) e capital de giro com prazo superior a 365
dias (2 pontos percentuais, com juros em 19% ao ano).
Inadimplência
A
inadimplência, considerados atrasos acima de 90 dias, do crédito livre para
pessoas físicas chegou a 4,3%, com alta de 0,1 ponto percentual em relação a
setembro. A inadimplência das empresas permaneceu em 1,6%.
Crédito
direcionado
A alta dos
juros também foi observada nas operações de crédito direcionado, que têm regras
definidas pelo governo e é destinado basicamente aos setores habitacional,
rural, de infraestrutura e ao microcrédito.
A taxa média
para pessoas físicas subiu 0,4 ponto percentual para 7,7% ao ano. Para as
empresas, a alta, no mês, foi de 1,3 ponto percentual para 10,8% ao ano.
A
inadimplência do crédito consignado ficou estável em 1% para pessoas jurídicas
e 1,4% para as famílias.
Taxa básica
A alta dos
juros bancários ocorre em um período de aumento da taxa básica de juros, a
Selic, atualmente definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, em
7,75% ao ano.
Quando o Copom
aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida, e
isso causa reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito
e estimulam a poupança.
Os bancos
também consideram outros fatores na hora de definir os juros cobrados dos
consumidores, como inadimplência, lucro e despesas administrativas.
Saldo dos
empréstimos
O crédito do
Sistema Financeiro Nacional totalizou R$ 4,5 trilhões em outubro, aumento de
1,5% em relação ao mês anterior. De acordo com o BC, esse desempenho refletiu
altas de 0,9% na carteira de pessoas jurídicas (saldo de R$ 1,9 trilhão) e de
1,9% na de famílias (R$ 2,6 trilhões), em outubro comparado ao mês anterior.
Em relação a
outubro de 2020, o crédito se elevou 16%, mesmo desempenho do mês anterior.
Segundo o BC, nessa comparação de 12 meses, o crédito destinado às empresas
desacelerou, passando de 11,7% (em 12 meses encerrados em setembro), para 11,4%
(12 meses encerrados em outubro), enquanto o destinado às famílias continuou em
expansão, de 19,5% para 19,7%.
O saldo do
crédito livre às empresas somou R$ 1,2 trilhão, com aumentos de 1,2% no mês e
de 15,9% em 12 meses, com destaque para as modalidades de antecipação de
faturas de cartão de crédito (5,5%), capital de giro com prazo superior a 365
dias (0,9%) e financiamento às exportações (3%).
Para as
pessoas físicas, o crédito livre atingiu R$ 1,4 trilhão em outubro, altas de
2,2% em relação ao mês anterior e de 21,3% na comparação interanual. O BC
destacou que houve “evolução nas principais carteiras do segmento”, como as de
cartão de crédito (4,2%), crédito pessoal não consignado (4,1%), crédito
pessoal consignado para servidores públicos (1%) e financiamentos para a
aquisição de veículos (1,2%).
O saldo das
operações de crédito direcionado destinado às empresas atingiu R$ 695 bilhões
no mês, com expansão mensal de 0,6% e crescimento interanual de 4,2%. No
crédito direcionado às famílias, o saldo totalizou R$ 1,2 trilhão em outubro,
com variações positivas de 1,5% no mês e de 17,8% em 12 meses, “fomentado pela
continuidade do desempenho favorável do crédito rural com taxas reguladas
(2,9%) e dos financiamentos imobiliários com taxas reguladas (1,1%)”.
Novos
empréstimos
As novas
contratações de crédito do sistema financeiro atingiram R$ 428,9 bilhões em
outubro. Na série com ajuste sazonal, o fluxo aumentou 1,7% no mês, com
expansão de 5,1% nas concessões a pessoas jurídicas e alta de 0,1% para pessoas
físicas.
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