Macron
pede reunião para debater morte de migrantes no Canal da Mancha
Naufrágio
nessa quarta-feira deixou pelo menos 27 pessoas mortas
Publicado em
25/11/2021 - 10:36 Por Agência Brasil - Paris
O presidente
francês, Emannuel Macron, pediu uma reunião de emergência, em nível europeu,
para debater a crise migratória. Ele quer um reforço imediato da ação da
agência europeia de fronteiras. Macron avisa que a França não permitirá que o
Canal da Mancha se transforme em um cemitério. O naufrágio de um barco de
refugiados causou, nessa quarta-feira (24), a morte de 27 pessoas.
Na madrugada
de hoje (25), a França deteve uma quinta pessoa por suspeita de tráfico humano,
na sequência do naufrágio.
As
autoridades francesas já tinham detido, horas após a descoberta dos corpos,
quatro pessoas suspeitas de envolvimento no incidente do Canal da Mancha.
O ministro
francês do Interior anunciou hoje a quinta detenção. Segundo Gerald Darmanin, o
homem conduzia um veículo de placa alemã e teria comprado na Alemanha os barcos
semirrígidos onde seguiam os migrantes.
O número de
mortos no naufrágio ainda pode aumentar. Entre os 27 óbitos já confirmados
encontra-se um adolescente e três crianças, segundo fontes policiais ouvidas
pela Agence France-Presse.
Os migrantes
saíram do porto francês na tentativa de chegar ao Reino Unido, mas apenas dois
foram, até agora, encontrados com vida.
Os dois sobreviventes,
um iraquiano e um somali, estavam em “grave hipotermia” nessa quarta-feira, mas
hoje estão “um pouco melhor”, anunciou o ministro do Interior, acrescentando
que eles serão ouvidos rapidamente.
Organizações
mafiosas
Apesar da
tragédia e do tempo agitado, muitos migrantes continuam a tentar alcançar o
Reino Unido. Esta manhã, dois barcos com cerca de 40 pessoas atracaram na
cidade de Dover, na Inglaterra.
A Jurisdição
Especializada Interregional da cidade de Lille, junto a Calais, abriu uma
investigação sobre a tragédia no Canal da Mancha, que envolvem suspeitas de
ajuda à entrada e estadia irregulares por grupo organizado, homicídio e lesões
involuntárias e associação criminosa.
O ministro
Gerald Darmanin informou que, desde 1º de janeiro deste ano, o país já deteve
1.500 traficantes de seres humanos. Os contrabandistas funcionam como
“organizações mafiosas” que atuam no “crime organizado”, chegando mesmo a
utilizar “telefones codificados”, disse o governante.Os ministros francês e
britânico do Interior deverão se reunir para discutir o assunto.
Darmanin
alertou para o fato de estas “associações criminosas” estarem presentes na
Bélgica, Alemanha e Inglaterra, defendendo, por isso, que os países trabalhem
juntos no combate ao problema.
As
tentativas de atravessar o Canal da Mancha a bordo de pequenas embarcações,
instáveis e sem segurança, duplicaram nos últimos três meses, alertou
recentemente o prefeito marítimo do Canal da Mancha e do Mar do Norte, Philippe
Dutrieux.
Do início
deste ano até 20 de novembro, cerca de 31.500 migrantes partiram das costas
francesas e 7.800 foram resgatados. Apesar das temperaturas rigorosas nos meses
mais frios, a tendência não diminuiu.
Segundo o
Reino Unido, nos primeiros dez meses do ano foram 22 mil os migrantes a fazer a
travessia.
Acusações
O presidente
da França assegurou que seu país não permitirá que o Canal da Mancha se
transforme num cemitério”, apelando a uma “reunião de emergência dos ministros
europeus”.
Em
entrevista à Sky News, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse, por
sua vez, estar “chocado, revoltado e profundamente triste”, garantindo que quer
“fazer mais”, em conjunto com a França, para desencorajar as travessias
ilegais.
Ele disse ter
encontrado “dificuldades em persuadir alguns aliados, em particular os
franceses, a agir” perante a crise migratória.
O governo
francês informou que Macron já esteve ao telefone com Johnson, a quem transmitiu a esperança de que “os britânicos cooperem
totalmente e se abstenham de instrumentalizar uma situação dramática para fins
políticos”.
O presidente
da República insistiu na necessidade de agir com dignidade, respeito e espírito
de cooperação no que diz respeito às vidas humanas.
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