A
língua tupi no Brasil
Há 300
anos, morar na vila de São Paulo de Piratininga (peixe seco, em tupi) era quase
sinônimo de falar língua de índio. Em cada cinco habitantes da cidade, só dois
conheciam o português. Por isso, em 1698, o governador da província, Artur de
Sá e Meneses, implorou a Portugal que só mandasse padres que soubessem “a
língua geral dos índios”, pois “aquela gente não se explica em outro idioma”.
Derivado
do dialeto de São Vicente, o tupi de São Paulo se desenvolveu e se espalhou no
século XVII, graças ao isolamento e se espalhou no século XVII pouco cristã dos
mamelucos paulistas: as bandeiras, expedições ao sertão em busca de escravos
índios.
Muitos
bandeirantes nem sequer falavam o português ou se expressavam mal. Domingos
Jorge Velho, o paulista que destruiu o Quilombo dos Palmares em 1694, foi
descrito pelo bispo de Pernambuco como “um bárbaro que nem falar sabe”. Em suas
andanças, essa gente batizou lugares como Avanhandava (lugar onde o índio corre),
Pindamonhangaba (lugar de fazer anzol) e Itu (cachoeira). E acabou inventando
uma nova língua.
“Os
escravos dos bandeirantes vinham de mais de 100 tribos diferentes”, conta o
historiador e antropólogo John Monteiro, da Universidade Estadual de Campinas.
“Isso mudou o tupi paulista, que, além da influência do português, ainda
recebia palavras de outros idiomas.” O resultado da mistura ficou conhecido
como língua geral do sul, uma espécie de tupi facilitado.
(ÂNGELO,
C. Disponível em: http://super.abril.com.br. Acesso em: 8 ago. 2012 - adaptado)
O
texto trata de aspectos sócio-históricos da formação linguística nacional.
Quanto ao papel do tupi na formação do português brasileiro, depreende-se que
essa língua indígena:
A)
contribuiu efetivamente para o léxico, com nomes relativos aos traços
característicos dos lugares designados.
B)
originou o português falado em São Paulo no século XVII, em cuja base
gramatical também está a fala de variadas etnias indígenas.
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