As
narrativas indígenas se sustentam e se perpetuam por uma tradição de
transmissão oral (sejam as histórias verdadeiras dos seus antepassados, dos
fatos e guerras recentes ou antigos; sejam as histórias de ficção, como aquelas
da onça e do macaco). De fato, as comunidades indígenas nas chamadas “terras
baixas da América do Sul” (o que exclui as montanhas dos Andes, por exemplo)
não desenvolveram sistemas de escrita como os que conhecemos, sejam alfabéticos
(como a escrita do português), sejam ideogramáticos (como a escrita dos
chineses) ou outros. Somente nas sociedades indígenas com estratificação social
(ou seja, já divididas em classes), como foram os astecas e os maias, é que
surgiu algum tipo de escrita. A história da escrita parece mesmo mostrar
claramente isso: que ela surge e se desenvolve – em qualquer das formas –
apenas em sociedades estratificadas (sumérios, egípcios, chineses, gregos
etc.). O fato é que os povos indígenas no Brasil, por exemplo, não empregavam
um sistema de escrita, mas garantiram a conservação e continuidade dos
conhecimentos acumulados, das histórias passadas e, também, das narrativas que
sua tradição criou, através da transmissão oral. Todas as tecnologias indígenas
se transmitiram e se desenvolveram assim. E não foram poucas: por exemplo,
foram os índios que domesticaram plantas silvestres e, muitas vezes, venenosas,
criando o milho, a mandioca (ou macaxeira), o amendoim, as morangas e muitas
outras mais (e também as desenvolveram muito; por exemplo, somente do milho
criaram cerca de 250 variedades diferentes em toda a América).
(D’ANGELIS,
W. R. Histórias dos índios lá em casa: narrativas indígenas e tradição oral
popular no Brasil)
A
escrita e a oralidade, nas diversas culturas, cumprem diferentes objetivos. O
fragmento aponta que, nas sociedades indígenas brasileiras, a oralidade
possibilitou:
A) a
conservação e a valorização dos grupos detentores de certos saberes.
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