Mãos
dadas
Não
serei o poeta de um mundo caduco.
Também
não cantarei o mundo futuro.
Estou
preso à vida e olho meus companheiros.
Estão
taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre
eles, considero a enorme realidade.
O
presente é tão grande, não nos afastemos.
Não
nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não
serei o cantor de uma mulher, de uma história.
Não
direi suspiros ao anoitecer, a paisagem vista na janela.
Não
distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida.
Não
fugirei para ilhas nem serei raptado por serafins.
O
tempo é a minha matéria, o tempo presente,
os
homens presentes,
a vida
presente.
(ANDRADE,
C. D. Sentimento do mundo. São Paulo: Cia. das Letras, 2012)
Escrito
em 1940, o poema Mãos dadas revela um eu lírico marcado pelo contexto de
opressão política no Brasil e da Segunda Guerra Mundial. Em face dessa
realidade, o eu lírico:
A) considera
que em sua época o mais importante é a independência dos indivíduos.
E)
critica o individualismo comum aos românticos e aos excêntricos.
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