Soneto
Oh!
Páginas da vida que eu amava,
Rompei-vos!
nunca mais! tão desgraçado!...
Ardei,
lembranças doces do passado!
Quero
rir-me de tudo que eu amava!
E que
doido que eu fui! como eu pensava
Em
mãe, amor de irmã! em sossegado
Adormecer
na vida acalentado
Pelos
lábios que eu tímido beijava!
Embora
— é meu destino. Em treva densa
Dentro
do peito a existência finda
Pressinto
a morte na fatal doença!
A mim
a solidão da noite infinda!
Possa
dormir o trovador sem crença.
Perdoa
minha mãe — eu te amo ainda!
(AZEVEDO,
A. Lira dos vinte anos. São Paulo: Martins Fontes, 1996)
A
produção de Álvares de Azevedo situa-se na década de 1850, período conhecido na
literatura brasileira como Ultrarromantismo. Nesse poema, a força expressiva da
exacerbação romântica identifica-se com o(a):
A) amor
materno, que surge como possibilidade de salvação para o eu lírico.
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