PINHÃO
sai ao mesmo tempo que BENONA entra.
BENONA:
Eurico, Eudoro Vicente está lá fora e quer falar com você.
EURICÃO:
Benona, minha irmã, eu sei que ele está lá fora, mas não quero falar com ele.
BENONA:
Mas Eurico, nós lhe devemos certas atenções.
EURICÃO:
Você, que foi noiva dele. Eu, não!
BENONA:
Isso são coisas passadas.
EURICÃO:
Passadas para você, mas o prejuízo foi meu. Esperava que Eudoro, com todo
aquele dinheiro, se tornasse meu cunhado. Era uma boca a menos e um patrimônio
a mais. E o peste me traiu. Agora, parece que ouviu dizer que eu tenho um
tesouro. E vem louco atrás dele, sedento, atacado de verdadeira hidrofobia.
Vive farejando ouro, como um cachorro da molest’a, como um urubu, atrás do
sangue dos outros. Mas ele está enganado. Santo Antônio há de proteger minha
pobreza e minha devoção.
(SUASSUNA,
A. O santo e a porca. Rio de Janeiro: José Olympio, 2013 - fragmento)
Nesse
texto teatral, o emprego das expressões “o peste” e “cachorro da molest’a”
contribui pa-ra:
A)
marcar a classe social das personagens.
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