Superávit da balança comercial é o mais baixo para outubro
desde 2015
Exportações superam importações em US$ 2 bilhões
Publicado em 03/11/2021 - 16:43 Por Wellton Máximo –
Repórter da Agência Brasil - Brasília
O crescimento das importações e a desaceleração das
exportações de alguns produtos fizeram o superávit da balança comercial cair
para o nível mais baixo em seis anos em outubro. No mês passado, o país
exportou US$ 2,004 bilhões a mais do que importou.
Esse foi pior resultado para o mês desde 2015, quando o
superávit tinha atingido US$ 1,567 bilhão. Em relação a outubro do ano passado
(resultado positivo de US$ 4,404 bilhões), a queda chega a 54,5% pelo critério
da média diária.
O saldo recuou, mesmo com as exportações totais batendo
recorde. No mês passado, as exportações somaram US$ 22,52 bilhões, alta de
27,6% sobre outubro de 2020 pelo critério da média diária. As importações, no
entanto, cresceram mais e totalizaram US$ 20,516 bilhões, alta de 54,9% na
mesma comparação.
Desaceleração
Apesar da alta do preço das commodities, as exportações
desaceleraram. No mês passado, o volume de mercadorias embarcadas subiu apenas
0,7% em relação a outubro de 2020. Os preços subiram, em média, 26,3% na mesma
comparação.
Por causa da quebra na safra de milho, afetada pela seca e
pelas geadas, as exportações do produto caíram US$ 442,6 milhões em julho na
comparação com o mesmo mês do ano passado. O mesmo ocorre com os açúcares e
melaços, cuja exportação caiu US$ 324,1 milhões, também afetado por quebra de
safra.
A suspensão das compras de carne bovina pela China fez as
vendas do produto cair US$ 265,8 milhões em outubro em relação ao mesmo mês do
ano passado. Apenas no segmento da agropecuária, o volume de exportações caiu
12,8% na mesma comparação, enquanto os preços subiram 36,8%.
Em relação aos produtos industrializados, caíram as vendas
de aviões (-US$ 205,3 milhões) e de automóveis de passageiros (-US$ 45,9
milhões). No caso dos veículos, a crise econômica na Argentina, principal
compradora do Brasil, está afetando as vendas externas.
Do lado das importações, as compras de combustíveis, de
adubos e fertilizantes e de medicamentos apresentaram o maior crescimento. A
alta do dólar, associada à elevação no preço internacional do petróleo (usado
tanto nos combustíveis como em parte dos fertilizantes), pressionou as
importações. A recuperação da economia também elevou o consumo. No mês passado,
o volume importado subiu 19,6%, e os preços médios aumentaram 23,5%, em comparação
a outubro de 2020.
Acumulado
Com o resultado de outubro, a balança comercial acumula
superávit de US$ 58,579 bilhões nos dez primeiros meses do ano. Apesar da queda
no superávit no mês passado, o resultado é o maior da série histórica, iniciada
em 1989. O saldo acumulado é 29,6% maior que o dos mesmos meses de 2020, também
pelo critério da média diária. O recorde anterior, de 2017, estava em US$
49,251 bilhões.
Com o resultado de outubro, as importações passaram a
crescer mais que as exportações. As vendas para o exterior somaram US$ 235,87
bilhões, alta de 36% pela média diária em relação aos dez primeiros meses do
ano passado e valor recorde desde o início da série histórica. As compras do
exterior totalizaram US$ 177,291 bilhões, aumento de 38,3% pelo mesmo critério.
Estimativa
Em outubro, o governo tinha diminuído para US$ 70,9 bilhões
a previsão de superávit da balança comercial neste ano. Mesmo com a revisão
para baixo, este ano deve terminar com resultado recorde. A estimativa já
considera a nova metodologia de cálculo da balança comercial. As projeções
estão mais otimistas que as do mercado financeiro. O boletim Focus, pesquisa
com analistas de mercado divulgada toda semana pelo Banco Central, projeta
superávit de US$ 70,1 bilhões neste ano.
Em abril, o Ministério da Economia mudou o cálculo da
balança comercial. Entre as principais alterações, estão a exclusão de
exportações e importações fictícias de plataformas de petróleo. Nessas
operações, plataformas de petróleo que jamais saíram do país eram
contabilizadas como exportação, ao serem registradas em subsidiárias da
Petrobras no exterior, e como importação, ao serem registradas no Brasil.
Outras mudanças foram a inclusão, nas importações, da
energia elétrica produzida pela usina de Itaipu e comprada do Paraguai, num
total de US$ 1,5 bilhão por ano, e das compras feitas pelo programa Recof, que
concede isenção tributária a importações usadas para produção de bens que serão
exportados. Toda a série histórica a partir de 1989 foi revisada com a nova
metodologia.
0 Comentários