Transportes têm o maior impacto na alta da inflação em
outubro
IPCA em 12 meses está em 10,67% e INPC em 11,08%
Publicado em 10/11/2021 - 11:24 Por Akemi Nitahara –
Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro
A alta de 1,25% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor
Amplo (IPCA) em outubro, com acumulado de 10,67% em 12 meses, foi pressionada
pelo grupo transportes. A variação desse grupo chegou a 2,62%, impactando em
0,55 ponto percentual o índice do mês.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), os combustíveis subiram 3,21%, com a gasolina (3,10%) tendo o maior
impacto individual no índice do mês, de 0,19 ponto percentual. Essa é a sexta
alta seguida no preço da gasolina, que acumula aumento de 38,29% no ano e de
42,72% em 12 meses.
O gerente do IPCA, Pedro Kislanov, destaca que tanto o
preço da gasolina como o da energia elétrica, que está na bandeira preta, de
escassez hídrica, desde setembro, têm impacto indireto no custo de outros
grupos.
“Os preços de muitos componentes, como vestuário e artigos
de residência, têm sido influenciados pela alta dos combustíveis, alta da
energia elétrica, pela depreciação cambial. Então, a gasolina e a energia
elétrica, além de ter um efeito no IPCA diretamente, têm um efeito indireto
sobre outros, principalmente sobre bens industriais. De fato, houve um
espalhamento maior este mês, principalmente por conta dos não alimentícios”,
explica o gerente.
A energia elétrica residencial teve alta de 6,47% em
setembro e de 1,16% em outubro, com acumulado de 19,13% no ano e de 30,27% em
12 meses. Outro peso grande no custo para as famílias é o gás de botijão, que
subiu 3,67% em outubro, com alta de 33,34% no ano e de 37,86% em 12 meses. “Foi
o 17º mês consecutivo de alta. Temos alta desde junho de 2020 no gás de
botijão, acumulando 44,77% de alta no período”, disse Kislanov.
Grupos
Todos os grupos de produtos e serviços pesquisados pelo
IBGE subiram em outubro. No grupo transportes, o óleo diesel subiu 5,77%, o
etanol 3,54% e o gás veicular ficou 0,84% mais caro. Já as passagens aéreas
tiveram alta de 33,86% no mês. Segundo Kislanov, também influenciadas pela alta
do dólar e dos combustíveis, além da melhora na pandemia da covid-19.
“A depreciação cambial e a alta dos preços dos
combustíveis, em particular do querosene de aviação, têm contribuído com o
aumento das passagens aéreas. A melhora do cenário da pandemia, com o avanço da
vacinação, levou a um aumento no fluxo de circulação de pessoas e no tráfego de
passageiros nos aeroportos. Como a oferta ainda não se ajustou à demanda, isso
também pode estar contribuindo com a alta dos preços”, explica.
Também acelerou em outubro o transporte por aplicativo, que
ficou 19,85% mais caro, depois de subir 9,18% em setembro. Os automóveis novos
subiram 1,77% e os usados tiveram alta de 1,13%.
Alimentos e bebidas
O grupo alimentos e bebidas subiu 1,17% no mês, perfazendo
a segunda maior contribuição na alta do IPCA, com 0,24 ponto percentual. As
principais altas foram no preço do tomate (26,01%) e da batata-inglesa (16,01%),
que aceleraram a alimentação no domicílio para 1,32%. Também ficaram mais caros
o café moído (4,57%), o frango em pedaços (4,34%), o queijo (3,06%) e o frango
inteiro (2,80%).
Caíram o preço do açaí (8,64%), do leite longa vida (1,71%)
e do arroz (1,42%). Porém, o gerente da pesquisa destaca que, apesar da queda,
o arroz teve uma das maiores altas do ano passado.
“O arroz tem tido uma queda nos preços provocada por uma
menor demanda interna, mas essa queda acaba sendo limitada pelo aumento no
volume das exportações. No ano, a gente tem uma queda acumula de 12,24%, mas o
arroz subiu 76% em 2020”, disse.
O grupo habitação subiu 1,04% em outubro, vestuário teve
aumento de 1,80%, artigos de residência variaram 1,27%, educação subiu 0,06% e
despesas pessoais 0,75%.
Regiões
Todas as regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE
tiveram alta no mês. As maiores variações foram em Vitória e Goiânia, ambos com
alta de 1,53%. Em Vitória, as principais influências foram da taxa de água e
esgoto (11,33%) e da energia elétrica (3,35%). Em Goiânia, pesaram a energia
elétrica (5,34%) e a gasolina (4,24%). A menor variação de outubro foi
verificada em Belém (0,64%), com a queda no preço do açaí (8,77%) e da energia
elétrica (1,23%).
INPC
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede
a inflação para as famílias com renda entre um e cinco salários mínimos, teve
alta de 1,16% em outubro. No ano, o indicador acumula alta de 8,45% e, em 12
meses, de 11,08%.
Para esse indicador, os produtos alimentícios subiram 1,10%
no mês, acima do 0,94% observado em setembro. Já os não alimentícios ficaram
1,18% mais caros, depois de registrar 1,28% no mês anterior.
A pesquisa de preços é feita nas regiões metropolitanas de
Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro,
São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, além do Distrito Federal e dos municípios de
Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju.
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