Coreias chegam a "acordo de princípio" para
encerrar conflito
Objetivo é declarar fim da guerra entre as duas Coreias
Publicado em 13/12/2021 - 10:12 Por RTP - Camberra
RTP - Rádio e Televisão de Portugal
Pyongyang, Seul, Pequim e Washington chegaram a um eventual
"acordo de princípio" para declarar o fim da guerra entre as duas
Coreias, quase 70 anos depois, informou o presidente sul-coreano, Moon Jae-in.
Em Camberra, onde está numa visita de quatro dias, Moon
afirmou estar convencido de que as quatro partes (Coreia do Norte, Coreia do
Sul, China e Estados Unidos) concordaram com um “acordo de princípio” para uma
declaração de paz.
Segundo o The Guardian, o presidente da Coreia do Sul
admitiu que as negociações sobre a guerra 1950-53 estavam sendo impedidas por
objeções norte-coreanas à atual “hostilidade dos EUA”.
“Por esse motivo, não podemos nos sentar para negociar as
declarações entre a Coreia do Sul, a Coreia do Norte e os Estados Unidos”,
afirmou em entrevista coletiva.
“Esperamos que as conversações sejam iniciadas. Estamos
fazendo todos os esforços para isso”, acrescentou.
Para Moon, é “importante acabar com um armistício instável
que existe há quase sete décadas”, e “uma declaração de paz pode melhorar as
perspectivas de avanço do programa de armas nucleares de Pyongyang”.
Essa declaração “vai nos ajudar no início das negociações
para a desnuclearização na Península Coreana”.
Poucas horas depois das declarações de Moon Jae-in, o
ministro sul-coreano da Unificação, Lee In-young, afirmou que o acordo “pode
ser ponto de passagem para uma nova fase de paz” e exortou Pyongyang a aceitar
a oferta de Seul.
“A Coreia do Norte tem mostrado, nos últimos tempos, uma
forma mais aberta de diálogo”, disse Lee.
Segundo o ministro sul-coreano da Unificação, “a Coreia do
Norte lançou vários mísseis de curto alcance este ano, mas não fez a situação
deteriorar-se severamente nem elevar as tensões a um alto nível”.
A guerra da Coreia terminou em julho de 1953 com um
armistício, mas não com o tratado de paz, o que significa que o Norte e o Sul
estão tecnicamente em guerra.
Moon, que fez do envolvimento com a Coreia do Norte uma
característica-chave da sua administração, está pressionando por um acordo de
paz antes de seu único mandato de cinco anos como presidente da Coreia do Sul
terminar, na próxima primavera.Em Camberra, o presidente sul-coreano repetiu o
pedido pelo fim das hostilidades, que já tinha feito em seu discurso na
Assembleia Geral da ONU em setembro,. À época, Kim Yo-jong, a influente irmã do
líder norte-coreano Kim Jong-un, descreveu sua iniciativa como “uma
interessante e boa ideia”.
As autoridades chinesas declararam apoio à proposta,
enquanto Seul e Washington estão em fase final da elaboração do projeto da
declaração.
A Coreia do Norte disse que não se vai juntar às
declarações para colocar um ponto final no conflito, enquanto os EUA mantiverem
a sua posição hostil, uma referência à presença de 28.500 militares
norte-americanos na Coreia do Sul e aos exercícios militares anuais que
Pyongyang considera ensaio para uma eventual invasão.
A opinião de Seul e de Washington está dividida sobre a
assinatura de um um tratado de paz formal, enquanto a Coreia do Norte continuar
a desenvolver armas nucleares e mísseis balísticos num desafio às sanções da
ONU.
Os apoiadores de Moon concordam que a assinatura de um
“acordo de princípio” normalizaria os laços com Pyongyang e encorajaria o
regime a retomar as negociações nucleares. Para os críticos, isso recompensaria
o comportamento provocador do regime de Kim Jong-un e poderia ameaçar a
presença de militares norte-americanos no sul.
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