Migrantes venezuelanos na América Latina serão 8,9 milhões
em 2022
Alerta é do representante da ONU Eduardo Stein
Publicado em 10/12/2021 - 09:02 Por RTP - Nova York
RTP - Rádio e Televisão de Portugal
A Organização das Nações Unidas (ONU) alertou nessa
quinta-feira (9) que até o fim de 2022 haverá 8,9 milhões de migrantes e
refugiados venezuelanos radicados em 17 países da América Latina, superando os
atuais 6 milhões.
O alerta foi feito por Eduardo Stein, representante
especial conjunto da agência da ONU para refugiados (Acnur) e da Organização
Internacional das Migrações (OIM), no lançamento do Plano Regional de Resposta
a Refugiados e Migrantes (RMRP). O plano prevê que serão necessários US$ 1,79 milhão
para apoiar os venezuelanos que escaparam da crise política, econômica e social
em seu país.
Segundo Stein, o número inclui "6 milhões de pessoas
venezuelanas no destino, mais 1,9 milhão em movimentos pendulares e quase 1
milhão de retornados colombianos".
"Estima-se que 8,4 milhões de pessoas vão necessitar
de assistência, incluindo 2 milhões de integrantes das comunidades de
acolhimento. Trata-se de um forte aumento de pessoas com necessidades, em
comparação com anos anteriores. É também um reflexo dos crescentes desafios que
enfrentam tanto os refugiados e migrantes da Venezuela quanto as comunidades de
acolhimento", acrescentou.
O representante da ONU disse ainda que 3,8 milhões de
venezuelanos vão receber assistência direta do RMRP 2022, programa que alcançou
o número sem precedentes de 192 associados, entre eles 23 organizações da
diáspora venezuelana, dirigidas por refugiados e migrantes, assim como 117
organizações não governamentais (ONGs).
Segundo Eduardo Stein, o programa prevê fortalecer os
processos de reconhecimentos de títulos acadêmicos e certificações
profissionais, meios de subsistência, geração de recursos e a execução de
programas de coesão social para combater a xenofobia.
Necessidades básicas
O setor da saúde terá o maior número de beneficiários, com
2,72 milhões, o que demonstra, de acordo com a ONU, o número de pessoas com
problemas de saúde no contexto da pandemia de covid-19 e a importância de
reforçar os sistemas nacionais para prestar serviços sanitários a refugiados,
migrantes e comunidades de acolhimento.
Stein explicou que, em 2022, a maioria dos migrantes venezuelanos "terá passado vários anos nas comunidades de acolhimento" e, por isso, suas necessidades vão além "de intervenções imediatas para salvar vidas, incluem o acesso, a regularização, documentação, proteção, autossuficiência e integração".
"Por essa razão, o apoio a iniciativas de
regularização e documentação para refugiados e migrantes da Venezuela é uma
prioridade para o RMRP 2022. Vinculado a isso está a prioridade de facilitar a
integração local, promovendo a inclusão nos sistemas nacionais de proteção
social, planos de vacinação da covid-19 e planos a mais longo prazo, para
garantir o direito à saúde, educação, habitação e outros serviços
essenciais", observou.
A crise política, económica e social venezuelana agravou-se
desde janeiro de 2019, quando o então presidente do Parlamento, o opositor Juan
Guaidó, jurou assumir publicamente as funções de presidente interino do país,
até afastar Nicolás Maduro do poder, convocar um governo de transição e
eleições livres e democráticas.
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