Ômicron:
professores alertam para "caos" em escolas da Inglaterra
Níveis de
falta às aulas estão aumentando
Publicado em
14/12/2021 - 08:49 Por Carlos Santos Neves - Repórter da RTP - Londres
RTP - Rádio e
Televisão de Portugal
Representantes
de escolas e de sindicatos de professores da Inglaterra descrevem um cenário de
caos nas unidades de ensino, à medida que a variante Ômicron se propaga pelo
país. Os níveis de ausência estão aumentando, e o governo de Boris Johnson é
cobrado a adotar medidas adicionais de proteção das comunidades escolares.
Entre as
medidas que os diretores das escolas e os sindicatos de professores reclamam,
informa nesta terça-feira (14) a edição online do jornal britânico The
Guardian, estão a utilização de máscaras nas salas de aula, regras mais
apertadas de isolamento e melhor ventilação dos espaços internos.
Os efeitos da
propagação da covid-19, especialmente da variante Ômicron, são sentidos entre
populações escolares. Nas regiões mais afetadas, há turmas que estão sendo
enviadas para casa, com aulas online, devido ao número de professores doentes
ou em isolamento.
Segundo o
sindicato NASUWT, em algumas das escolas inglesas, até metade do quadro de
professores está ausente por doença ou isolamento. A estrutura sindical defende
o adiamento do início do segundo período e a montagem de instalações de
testagem da covid-19 nos estabelecimentos escolares, no próximo mês de janeiro.
O jornal cita
uma carta do secretário-geral do NASUWT, Patrick Roach, ao secretário da
Educação: “Pedimos que evite uma repetição da confusão e do caos que, no ano
passado, afetou a confiança parental e do público e minou o árduo trabalho de
professores e diretores de escolas em seus preparativos no início de 2021”.
“Um anúncio
imediato, por parte do governo, de medidas adicionais para os colégios é,
pensamos, essencial antes de a maioria das escolas e colégios fecharem para as
férias de Natal”, acrescentou Roach na carta enviada nessa segunda-feira.
O secretário
britânico da Educação, Nadhim Zahawi, pediu maior adesão do pessoal escolar às
doses de reforço da vacina contra a covid-19, afirmando que, por agora, não vê
razões para que se decrete o fechamento generalizado de escolas..Em contraste
ao otimismo do titular da Educação, o secretário da Saúde, Sajid Javid,
reconheceu que o governo não está em condições de garantir que as escolas
permanecerão de portas abertas. O responsável pela Associação Nacional de
Diretores Escolares, Paul Whiteman, colocou também a tônica no “realismo”.
“Já há caos em algumas escolas com o impacto da onda de Ômicron. Atrasar a ação até que a vacinação faça efeito pode, na verdade, manter as crianças foras das escolas em longo prazo. O governo deve agir para encontrar soluções de ventilação, protocolos sensatos e eficazes de isolamento e levantar a pressão desnecessária da inspeção e outros fardos burocráticos. Dessa forma podemos concentrar-nos em manter as crianças onde elas devem estar”, advertiu.
Também citado
pelo The Guardian, um porta-voz do Departamento de Educação lmbrou que o
governo já está adotando medidas “que vão ajudar a lidar com a variante
Ômicron, incluindo o pedido aos alunos mais velhos e ao pessoal escolar que
utilizem máscaras em áreas comuns e às escolas secundárias, que forneçam testes
no início do próximo período”.
Maremoto da
Ômicron
Na noite de
domingo (12), o primeiro-ministro britânico dirigiu-se ao país para pedir à
população, a partir dos 18 anos, que tome as doses de reforço da vacina contra
a covid-19, diante do que descreveu como a perspectiva de “um maremoto de
Ômicron”.
Antes da
declaração de Boris Johnson, as autoridades de saúde do Reino Unido elevaram
para quatro o alerta da pandemia, perante a propagação da nova cepa.
“Temo que
estejamos enfrentando uma emergência na nossa batalha com a nova variante. É
agora claro que duas doses da vacina são simplesmente insuficientes para dar o
nível de proteção de que todos precisamos. Mas a boa notícia é que os nossos
cientistas acreditam que, com uma terceira dose, uma dose de reforço, podemos
voltar a fazer subir o nosso nível de proteção”, afirmou o governante.
“Neste
momento, os nossos cientistas não podem dizer se a Ômicron é menos severa. E
mesmo que isso seja verdade, já sabemos que é de tal forma transmissível, que
uma onda de Ômicron numa população que não foi reforçada acarretaria o risco de
um nível de hospitalização que poderia sobrecarregar o Serviço Nacional de
Saúde e levar infelizmente a muitas mortes”, acrescentou Johnson.
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