Projeto de estudantes busca meios
de conter elevação do nível do mar
Iniciativa une universitários
cariocas à expertise de holandeses
Publicado em 12/12/2021 -
14:23 Por Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro
Alunos da Universidade Veiga de Almeida
(UVA) e da Universidade de Ciências Aplicadas de Roterdã, na Holanda, uniram-se
para pensar soluções para proteger o Rio de Janeiro da elevação do nível do mar
provocada pelas mudanças climáticas. Os estudantes projetaram uma barragem de
9,5 quilômetros de extensão por 11 metros de altura, a ser implantada na Ponte
Rio-Niterói, que ajudaria a evitar a inundação de parte dos municípios do Rio
de Janeiro, incluindo o Aeroporto Internacional Tom Jobim-Riogaleão, Duque de
Caxias, Magé, Guapimirim, Itaboraí e São Gonçalo.
O projeto é baseado em modelagem elaborada pelo Climate Central, organização sem fins lucrativos sediada nos Estados Unidos, e prevê um cenário crítico de mudanças climáticas, com aumento de 3 metros do nível do mar.
A UVA foi a única universidade brasileira
a participar do desafio Protecting Delta Cities: International Student
Challenge, promovido pela universidade holandesa. A iniciativa teve por
objetivo estimular jovens pesquisadores de nove países a pensar em alternativas
para proteger cidades localizadas em deltas e regiões litorâneas de um aumento
de 3 metros do nível do mar. A lista das cidades potencialmente atingidas
incluía o Rio de Janeiro; Nova Iorque, nos Estados Unidos; Durban, na África do
Sul; e Taipei, na ilha de Taiwan.
Segundo Viviane Japiassú, professora dos
cursos de graduação em Engenharia Ambiental e Mestrado Profissional em Ciências
do Meio Ambiente da Universidade Veiga de Almeida e coordenadora do projeto Que
Chuva É Essa?, na Holanda, a Universidade de Roterdã selecionou grupos de
alunos para trabalhar sobre cada cidade. Estes uniram-se aos alunos da UVA em
reuniões semanais, durante um mês, para elaborar uma proposta para a Baía de
Guanabara.
As soluções formuladas pelos grupos foram
apresentadas em um seminário realizado em novembro deste ano.
Viabilização
“A ideia é dar continuidade à colaboração,
para ver como viabilizar a proposta e adequar algumas limitações que possam
aparecer”, disse Viviane à Agência Brasil. Na semana que vem, o grupo da UVA
terá uma reunião com representantes da prefeitura do Rio para falar sobre a
proposta e os caminhos para viabilizar ou readequar o projeto.
De acordo com a professora, as cidades que
estão na área costeira brasileira vão sofrer muito com o aumento do nível do
mar.
Os alunos da Veiga de Almeida focaram o
projeto na Baía de Guanabara, levando em conta a grande expertise da Holanda na
construção de barragens marítimas. Todos os estudantes holandeses que
participaram do desafio cursam engenharia civil, enquanto a maioria dos alunos
da UVA estudam engenharia ambiental e apenas um, engenharia elétrica. O grupo
teve ainda participação de estudante do mestrado profissional em ciências do
meio ambiente, que integra o projeto de pesquisa e extensão Que Chuva É Essa?,
que desenvolve estudos e ações voltados para a redução de riscos de desastres
associados a chuvas extremas no Rio.
“O tempo todo a gente focou na importância
socioambiental da Baía de Guanabara”, disse Viviane. A professora explicou que
a solução não poderia se restringir a fechar a Baía de Guanabara. A opção pela
implantação de uma barragem na ponte, e não na entrada da baía, objetivou
permitir a circulação de navios no Porto do Rio, facilitando o tráfego marítimo
de grandes embarcações, além de preservar o ecossistema local, que tem
importância socioeconômica para comunidades do entorno, como a de pescadores
artesanais.
“Uma vez que a gente consiga reter a elevação nesse ponto, protegerá também os municípios e o Aeroporto do Galeão, que seria inundado com esses 3 metros de elevação do mar”, explicou a professora.
Energia
O projeto dos estudantes prevê ainda a
instalação de painéis solares na barragem capazes de gerar mais de 80
megawatts/hora de energia por dia, o suficiente para abastecer mais de 14 mil
residências da região ou para bombear mais de 2 mil litros de água da baía de
volta para o mar. Outro potencial de geração de energia descrito no projeto
viria do aproveitamento da vibração gerada pelos veículos ao passarem na Ponte
Rio-Niterói.
Dois rapazes e cinco mulheres formavam o
grupo da Universidade Veiga de Almeida, e a turma olandesa tinha somente
rapazes. No total, a equipe contou com dez participantes.
Uma das estudantes cariocas que integram o
grupo é Larissa Stankevicius, que cursa o 8º período de engenharia ambiental.
Após o choque cultural inicial, o grupo passou a se encontrar toda semana, para
desenvolver a solução, contou Larissa. Ela disse à Agência Brasil que é preciso
dar continuidade ao projeto, para que este venha a ajudar de alguma maneira, se
for possível.
O projeto de barragem criado por alunos da
UVA e da Holanda pode ser visto no YouTube.
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