O
último refúgio da língua geral no Brasil
No
coração da Floresta Amazônica é falada uma língua que participou intensamente
da história da maior região do Brasil. Trata-se da língua geral, também
conhecida como nheengatu ou tupi moderno. A língua geral foi ali mais falada
que o próprio português, inclusive por não índios, até o ano de 1877. Alguns
fatores contribuíram para o desaparecimento dessa língua de grande parte da
Amazônia, como perseguições oficiais no século XVIII e a chegada maciça de
falantes de português durante o ciclo da borracha, no século XIX.
Língua-testemunho de um passado em que a Amazônia brasileira alargava seus
territórios, a língua geral hoje é falada por mais de 6 mil pessoas, num
território que se estende pelo Brasil, Venezuela e Colômbia. Em 2002, o
município de São Gabriel da Cachoeira ficou conhecido por ter oficializado as
três línguas indígenas mais usadas ali: ali: o nheengatu, o baníua e o tucano.
Foi a primeira vez que outras línguas, além do português, ascendiam à condição
de línguas oficiais no Brasil. Embora a oficialização dessas línguas não tenha
obtido todos os resultados esperados, redundou no ensino de nheengatu nas
escolas municipais daquele município e em muitas escolas estaduais nele
situadas. É fundamental que essa língua de tradição eminentemente oral tenha
agora sua gramática estudada e que textos de diversas naturezas sejam escritos,
justamente para enfrentar os novos tempos que chegaram.
(NAVARRO,
E. Estudos Avançados, n. 26, 2012)
O
esforço de preservação do nheengatu, uma língua que sofre com o risco de
extinção, significa o reconhecimento de que:
A) as
línguas de origem indígena têm seus próprios mecanismos de autoconservação.
C) as
ações políticas e pedagógicas implementadas até o momento são suficientes para
a preservação da língua geral amazônica.
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