Cheia do Rio Tocantins afeta população de quatro estados
brasileiros
Municípios de Goiás, Maranhão, Pará e Tocantins estão em
alerta
Publicado em 05/01/2022 - 18:51 Por Alex Rodrigues –
Repórter da Agência Brasil - Brasília
O volume atípico de chuvas que atinge a cabeceira de um dos
maiores rios do país, o Tocantins, bem como outros importantes cursos de água
que nele desembocam, já prejudicou milhares de pessoas e causou estragos em
várias cidades dos quatro estados cortados pelo Tocantins.
Dados coletados pela Rede Hidrometeorológica Nacional
(RHN), coordenada pela Agência Nacional de Águas (ANA), apontam que, até o
meio-dia de hoje (5), em ao menos 12 localidades dos estados de Goiás, Pará e
Tocantins o nível da água dos rios já tinha superado as respectivas cotas de
atenção, colocando as autoridades públicas e a população em alerta.
Seis das localidades mapeadas no momento em que a Agência
Brasil consultou a rede hidrometeorológica ficam no estado de Tocantins. São
elas, Tupiratins; Peixe; Chapada da Natividade; São Valério; Goiatins e
Itaguatins.
Outras quatro ficam em Goiás e são banhadas pelo Rio
Paranã, que deságua no Tocantins: Flores de Goiás; Formosa; Jaraguá e Nova
Roma. Também próximo aos municípios de Itupiranga e Marabá, no Pará, o nível do
Rio Tocantins ultrapassou a cota de atenção.
Em Tupiratins (TO), a prefeitura alertou a população para a
alta do Rio Tocantins e as consequentes oscilações na vazão da Usina
Hidrelétrica Luiz Eduardo Magalhães já no último dia 28.
Em Peixe, residências foram alagadas e a Defesa Civil teve
que utilizar embarcações para resgatar pessoas ilhadas e salvar alguns
pertences de famílias atingidas pela força das águas.
Em Flores de Goiás (GO), a situação é “complicadíssima”,
conforme contou à Agência Brasil o secretário municipal de Administração, Igor
de Moura Cabral. “Há estradas intransitáveis e mais de oito pontes foram
atingidas pela alta do Rio Paranã. Algumas destas pontes foram destruídas,
deixando cerca de 300 famílias sem poder transitar normalmente”, disse o
secretário. Devido aos estragos causados pelas chuvas e, principalmente, pela
cheia do rio, a prefeitura decretou situação de calamidade pública no último
dia 28.
Além destas 12 localidades, várias outras foram afetadas na
Bacia do Tocantins. Em São Miguel do Tocantins, na divisa com o Maranhão, o
nível do Rio Tocantins vem subindo desde o último dia 22, afetando mais de 230
famílias – muitas das quais, desalojadas, tiveram que ser resgatadas por
equipes da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros e levadas para abrigos
públicos.
“Estamos com equipes da prefeitura e voluntários com
tratores, caminhões e carros utilitários para retirar os móveis que ainda
faltam das famílias impactadas. As famílias estão sendo levadas para abrigos
como escolas e casas de parentes também”, descreveu o prefeito Alberto Moreira,
em nota. Segundo a Defesa Civil, o nível do Rio Tocantins está 10 metros acima
do normal próximo à cidade, provocando alagamentos.
No Pará, na última segunda-feira (3), a companhia
Eletronorte teve que abrir cinco comportas da Usina Hidrelétrica Tucuruí para
dar vazão ao grande volume d'água do Rio Tocantins e “manter o reservatório da
usina numa faixa operacional segura”, evitando que a cota máxima de 74 metros
fosse transposta. Àquela altura, o nível do reservatório já atingia 68,66
metros.
Em nota, a Eletronorte explicou que é comum os técnicos
operacionais abrirem o vertedouro da usina durante a estação chuvosa, mas
acrescentou que, este ano, a manobra foi antecipada devido “à quantidade de
chuva atípica para esta época do ano nas cabeceiras dos rios Tocantins e
Araguaia”.
“É preciso que as comunidades e as autoridades saibam que
muita chuva ainda vai atingir a região a montante [no sentido do curso do rio,
antes da usina] e que essa combinação força a gente a abrir o vertedouro bem
antes do tempo costumeiro, [que costuma ser] em fevereiro ou março. Contudo,
estamos trabalhando para causar o menor impacto possível”, declarou, na nota, o
gerente do Centro de Operação da Geração Hidráulica, Wanderley Santos.
0 Comentários