Chuva segue causando mortes e estragos em MG
Vale e CSN interrompem temporariamente parte de suas
operações
Publicado em 10/01/2022 - 15:47 Por Alex Rodrigues - Repórter
da Agência Brasil - Brasília
As fortes chuvas que há semanas atingem Minas Gerais
continuam afetando a população e causando prejuízos e transtornos de todo tipo.
Casos de rios transbordando, alagamentos e inundações se espalham por várias
regiões do estado, e os números de desabrigados e desalojados não param de
aumentar.
Desde o início da estação chuvosa – que, este ano, começou
em outubro, um mês antes que o habitual – ao menos nove pessoas já perderam
suas vidas devido às chuvas e suas consequências. Neste número não estão
incluídas as dez mortes causadas pelo desprendimento de um bloco de pedras no
Lago de Furnas, em Capitólio (MG), no último sábado (8). As causas desta
tragédia ainda estão sendo apuradas, mas autoridades estaduais já anteciparam que
parte do paredão rochoso pode ter ruído por efeito da ação das águas.
Até a manhã de hoje (10), prefeituras de 145 das 853
cidades mineiras já tinham decretado situação de emergência. Na divisa entre
Conceição do Pará e Pará de Minas, na região central do estado, moradores estão
deixando residências em áreas sob risco de serem atingidas pelo potencial
rompimento da barragem hidrelétrica da Usina do Carioca e eventual aumento do
nível do Rio São João.
Devido à intensidade das chuvas, a mineradora Vale e a
Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) paralisaram parte de suas operações no
estado. Em nota, a Vale informou que interrompeu a circulação de trens na
estrada de ferro que liga Vitória (ES) a Minas Gerais, o que afeta o escoamento
de parte de sua produção. A medida, segundo a empresa, visa a garantir a
segurança dos seus empregados e da população. Além disso, a mineradora garante
estar monitorando suas barragens.
A decisão da CSN atinge tanto suas atividades em mineração,
quanto siderúrgica. Em um comunicado ao mercado, as companhias CSN e CSN
Mineração informam que suspenderam, temporariamente, as operações de extração e
movimentação na mina Casa de Pedra, em Congonhas (MG) e a operação portuária de
carregamento de minério no Terminal de Carvão (Tecar), no Porto de Itaguaí
(RJ).
De acordo com a Defesa Civil estadual, em toda a região
metropolitana de Belo Horizonte foram registrados, entre 20h da última
sexta-feira (8) e as 7h de hoje, pelo menos 287 pedidos de socorro a pessoas
ilhadas; 120 ocorrências de desabamentos, desmoronamentos ou algum colapso
estrutural; 30 chamados relacionados a deslizamentos ou soterramentos e 38
pedidos de corte e retirada de árvores caídas em vias públicas ou sobre
imóveis.
Ainda na capital, uma mulher de 42 anos de idade morreu
soterrada neste domingo (9). A casa da vítima, cujo nome não foi divulgado,
desabou e, quando os bombeiros chegaram, já encontraram a mulher sem vida. Além
disso, parte da estrutura de um prédio do bairro Buritis desabou e os moradores
só puderam retornar as suas casas depois que Defesa Civil descartou o risco do
prévio ruir.
Também neste domingo, parte de um terreno (um talude)
deslizou e atingiu residências do centro da cidade de Dores de Guanhães, a
cerca de 100 quilômetros de Ipatinga. Os bombeiros socorreram quatro pessoas
que foram levadas ao hospital municipal, onde uma das vítimas faleceu.
Na cidade de Rio Piracicaba, a cerca de 50 quilômetros de
Itabira, na região central do estado, moradores ficaram ilhados depois que o
rio de mesmo nome subiu. Já em Divinópolis, a cerca de 250 quilômetros de
distância, ao menos 58 pessoas tiveram que deixar suas residências e se abrigar
na casa de parentes, amigos ou hospedagens particulares.
No momento da publicação desta reportagem, bombeiros
estavam tentando localizar duas supostas pessoas soterradas, uma em resgatar ao
menos duas pessoas soterradas, uma em Brumadinho, outra em Ouro Preto, onde, no
sábado (8), um deslizamento de terra atingiu uma casa, matando um homem de 55
anos, Geraldo Neves. Só em Ouro Preto, mais de 170 pessoas foram desalojadas,
ao menos três casas foram destruídas e a prefeitura já decretou situação de
emergência.
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