Estiagem
causa prejuízos à agricultura e ameaça o abastecimento
Inmet emite
alerta sobre possível onda de calor em todo o RS
Publicado em
13/01/2022 - 19:09 Por Alex Rodrigues - Repórter da Agência Brasil - Brasília
Enquanto a
população de parte do Brasil sofre com as chuvas e suas consequências, como o
transbordo de rios e inundações, mais de 700 municípios da Região Sul do país
se veem às voltas com uma onda de calor severa.
Embora chuvas
isoladas tenham sido registradas desde ontem (12), o Instituto Nacional de
Meteorologia (Inmet) emitiu esta manhã um alerta no qual informa que 727 cidades
do Rio Grande do Sul e parte do Paraná e de Santa Catarina estão passíveis de
registrar, até o próximo dia 16, temperaturas 5°C acima da média histórica
desta época do ano.
O alerta
laranja emitido pelo instituto vale para praticamente todo o Rio Grande do Sul,
para as regiões oeste e sul de Santa Catarina e para as regiões oeste, sudeste,
sudoeste, centro-ocidental e centro-sul do Paraná.
Os efeitos da
estiagem na Região Sul vêm se agravando desde o fim do ano passado, causando
prejuízos econômicos e ameaçando o abastecimento hídrico. No Rio Grande do Sul,
200 cidades já tinham decretado situação de emergência até esta quarta-feira
(12). Levantamento feito pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural
do Rio Grande do Sul (Emater-RS) aponta que, até sexta-feira (7), mais de 195
mil propriedades rurais já contabilizavam perdas na produção.
Uma das
regiões gaúchas mais castigadas pela falta de chuvas é a do Alto da Serra do
Botucaraí, onde, desde meados de novembro, o volume de chuvas é insuficiente
para recuperar a condição dos rios e do sistema freático, o que prejudicou o
plantio de soja e milho.
“A soja teve
que ser replantada e ainda ficou uns 30% a 35% por semear. Então, nesses 16
municípios [do Alto da Serra do Botucaraí], só na soja se chega a algo em torno
de R$ 750 milhões de perdas. Somadas às perdas do milho e leite, [o prejuízo,
na região] chega a R$ 850 milhões”, informou, em nota, o extensionista rural
agropecuário da Emater-RS em Soledade Josemar Parise.
Em Santa
Catarina, além de irregulares, as chuvas do fim do ano passado ficaram abaixo
do esperado durante o mês de dezembro, deixando ao menos 17 dos 295 municípios
em estado de alerta e outros nove em estado crítico no que diz respeito às
condições para garantir o abastecimento hídrico urbano, principalmente nas
regiões oeste e extremo oeste do estado.
“Neste momento
é importante que a população das regiões onde a estiagem se intensificou usem a
água com consciência e evitem o desperdício. Além disso, é acompanhar as
orientações e alertas dos órgãos competentes”, alertou, em nota, o
secretário-executivo de Meio Ambiente, Leonardo Porto Ferreira.
No Paraná, no
último dia 30, o governo estadual decretou situação de emergência em função da
estiagem. O objetivo da medida é agilizar a execução de medidas de apoio aos
agricultores e a outros setores afetados pela falta de chuvas.
Hoje (13), a
secretaria estadual da Agricultura e do Abastecimento divulgou um relatório no
qual aponta que a situação já causou ao menos R$ 25,6 bilhões de prejuízos para
os produtores rurais. O levantamento foi entregue à ministra da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (Mapa), Tereza Cristina, que, desde ontem, está
visitando áreas rurais atingidas pela crise hídrica nos três estados da Região
Sul, além do Mato Grosso do Sul, na Região Centro-Oeste.
Em Cascavel
(PR), a ministra explicou que, de posse de um diagnóstico da situação das
lavouras nos quatro estados visitados, os técnicos do Mapa e do Ministério da
Economia elaborarão um plano de ajuda aos produtores. O foco, neste primeiro
momento, é garantir que os agricultores atingidos pela seca tenham condições de
plantar.
“Nossa
preocupação é agilidade nessas ações, para que a gente possa plantar com
segurança. Para que o agricultor possa saber o que vai acontecer na segunda
safra, que é a safrinha, que é muito importante, pois é quando se tem a maior
parte do plantio de milho nesses estados”, destacou Teresa Cristina.
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